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"Breakfast Club", somente "O Clube" em Portugal, porque os Deuses das Traduções não conseguiam passar do "O Clube do Pequeno-Almoço". Os manos do Brasil foram brindados com uma nova aventura de Enid Blyton: "O Clube dos Cinco". Traduções à parte, finalmente decidi-me a ver este clássico que integra todas as listas de filmes obrigatórios da década de oitenta. E como nos meus anos de juventude sempre fugi de recomendações para ler, ver ou ouvir, aqui estou eu, 32 anos depois da estreia da fita (7-2-1985 nos EUA, 5-9-1985 em Portugal) a tentar perceber porque é tão famoso.

A sinopse é extremamente simples, um grupo de cinco jovens estudantes oriundos das várias tribos indígenas das escolas norte-americanas (e não só). Os populares Claire (Molly Ringwald) e Andrew (Emilio Estevez), a menina rica e o desportista; os outsiders John (Judd Nelson), Allison (Ally Sheedy) e Brian (Anthony Michael Hall), respectivamente o bad boy pequeno delinquente, a maluca anti-social e o marrão (que não é gordo e nem tem óculos) estão todos condenados a passar um longo sábado de castigo na escola a escrever uma composição sobre eles e o que os levou a ser castigados. Obviamente, nada corre como planeado pelo professor Vernon (Paul Gleason) e além de quebrar as regras da escola e do castigo o grupo vai conviver e partilhar os seus problemas e ver além da máscara que cada um usa quotidianamente.
Creio que o único filme do John Hughes que assisti anteriormente foi "O Rei dos Gazeteiros" que só apreciei devidamente ao segundo visionamento, e fiquei fã do estilo de realização, do mise en place, da cinematografia, que não é banal nem artificial. Levei boa parte do filme a antecipar como um realizador ou argumentista tarefeiro teria previsivelmente abordado cada um dos actos da fita. Não temos propriamente um 'obstáculo final' a vencer, a não ser o relógio que vai ditar a separação do grupo, e no entanto tudo funciona. Imagino o outrage da comunidade cibernauta se o filme estreasse em 2017 e um dos primeiros diálogos de um dos protagonistas fosse uma proposta de violação em grupo.
Nota: Descobri agora mesmo que "O Meu Tio Solteiro" e "Antes Só Que Mal Acompanhado" também são dele. Como eu abominava estes filmes que me parecia passar na TV 500 vezes.

Trailer:

Ironicamente, mas não acidentalmente, o elemento mais ausente é o mais debatido: os pais (apenas vistos de relance), e a relação do "clube dos cinco" com eles. Mas alcançando fora dos muros caseiro, aborda também a prisão e dependência dos estereótipos, grupos e expectativas na escola. Todo o filme caminha na fina linha entre o divertido e o ridículo, entre o dramático e o choradinho. Sem julgar. O momento mais convencional será porventura o previsível recurso a estupefacientes para facilitar a partilha de sentimentos. Surpreende por resistir a fazer do professor um vilão total, e claro, a banda sonora ajuda  o espectador a imergir na época. Recomendo totalmente, e estou ansioso para o rever.

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