Miraculosamente, consegui evitar durante esta última semana qualquer tipo de spoiler que estragasse o filme, visto que estreou no Brasil antes de Portugal ou na terra do Tio Sam, e é conhecida a tentação obsessão de boa parte dos internautas em tentar estragar as surpresas dos restantes espectadores.
Qual fita de James Bond, o começo é de acção, com um raid à base da HYDRA onde se esconde o Barão Von Strucker, aqui no papel do Dr. Mengele do Universo Marvel, a fazer experiências ilegais para conseguir criar super-humanos ("optimizados" foi a melhor tradução que arranjaram para "enhanced"?).
A equipa dos Vingadores é uma máquina oleada com estratégias pré-definidas e confiança nos seus membros e meios. Para quem acompanha a série Agents of SHIELD, reconhece que o ataque a Von Strucker é a continuação directa das descobertas do último episódio emitido ("The Dirty Half Dozen"). As relações entre os Vingadores evoluíram, Tony Stark e Bruce Banner (o Iron Man e o Hulk) continuam o seu bromance científico, Steve Rogers e Thor são outsiders no mundo moderno, mas parecem ter-se adaptado bem à Terra do século XXI. Como se viu nos trailers, Banner e a Viúva Negra desenvolveram uma relação que começa a transbordar do profissional para o pessoal. O Gavião Arqueiro (Hawkeye) tem direito a maior exposição, como forma de compensar o seu papel de marioneta do primeiro filme. As novidades principais (apesar de surgirem durante uns segundos no final de "Captain America: The Winter Soldier") envolvem os gémeos Pietro (Aaron Taylor-Johnson, de "Kick-Ass" e "Godzilla" ) e Wanda Maximmof (Elizabeth Olsen, "Godzilla"), respectivamente Quicksilver (Mercúrio em Portugal e Brasil) e Scarlet Witch (Bruxa Escarlate), personagens com a peculiaridade de poderem ser usados nos filmes da Marvel Studios e da 20th Century Fox (que utilizou recentemente outro actor como Quicksilver no "X-Men: Days Of Future Past"), visto [SPOILERS] pertencerem aos Vingadores [/SPOILERS] e terem ligações aos X-Men. No entanto, na Marvel Studios não podem ser referidos como "mutantes" ou a sua relação familiar com Magneto. Assim, em vez de nascerem com poderes como os X-Men, submeteram-se às experiências do Barão Von Strucker.
Os fãs de "Agent Carter" vão gostar do miminho, um pequeno cameo que não era muito secreto. E falando em cameos, são diversos, além do obrigatório de Stan "The Man" Lee como um veterano da Segunda Guerra Mundial. Não levei o contador de piadolas, mas há uns dias li algures que o espectador podia esquecer os momentos de humor que permeavam o primeiro "Avengers", que a sequela era muito mais séria e soturna. Não recordo quem escreveu isso, mas provavelmente foi alguém que viu o "Man Of Steel" e ficou confuso. Os atritos, one-liners e humor estão presentes, desde os actores principais ao mais insignificante capanga que apanhou a maior sova da sua vida. Mas se o realizador Joss Wheadon é conhecido precisamente por fazer sobressair o lado mais humano do que podia ser um blockbuster feito em piloto automático, e de ter enriquecido um pouco os heróis com os seus medos e vidas pessoais, o grande ponto negativo é que senti falta de ser verdadeiramente surpreendido. Incomoda também - apesar de sabermos que passou tempo - o que levou Tony Stark a recuar na decisão de destruir todas as armaduras ("Iron Man 3"), e agora ter um exército ainda maior de armaduras telecomnadadas. Também senti pena da banda sonora praticamente só se fazer notar quando entra o leitmotiv familiar dos Vingadores, provavelmente num segundo visionamento sairá beneficiada.
A nível técnico, os efeitos especiais continuam excelentes, por exemplo, a nível da animação CGI os drones de Ultron movimentam-se com uma naturalidade incrível. Consegui evitar os últimos anúncios de TV e featurettes ao filme, para manter algumas surpresas, e resultou, não estava à espera da forma como ia ser aplicado o master plan do vilão. E falando de Ultron, fui dos tais que torceu o nariz quando soube que o máximo vilão robótico da Marvel ia ter uma personalidade marcada e a origem modificada (na BD, o criador de Ultron é Hank Pym, que vai ter um papel no próximo "Ant-Man". Percebo a opção de simplificar, já bastam dois cientistas geniais na equipa). Assim que vi o teaser, "There are no strings on me" e a sua mitologia do Pinóquio, sobre o escravo que se liberta das grilhetas e quer ser um homem de verdade, dei a mão à palmatória. Que belíssimo trabalho vocal e corporal de James Spader ("Stargate", "The Blacklist"), que contrasta com o estereótipo de "robot-do-mal" sem alma. Mas o plano de Ultron é ser mais que um homem comum, e é ai que entra o Visão (The Vision) cuja origem é das mais belas da BD cinematográfica (lembram-se do dramático renascimento do Sandman no Homem-Aranha 3?).
À medida que se sucedem os filmes de super-heróis é cada vez mais complicado surpreender o espectador, mas "Avengers: Age Of Ultron" é bastante entretido, não se torna um sermão sobre as implicações filosóficas da criação de uma inteligência artificial, belas sequências de acção e a garantia de satisfação para os fanboys que querem ver os seus heróis saltarem das páginas da BD para o grande ecrã e rebentarem com um sem fim de robots.
Recordem o artigo: "The Avengers: Quem são os Vingadores?".
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Eu por acaso fui spoilado por uma página brasileira, mas como não sabia como aconteceria a cena até fiquei impressionado. Sabia o que ia acontecer, mas não sabia como iria acontecer e isso surpreendeu-me.
Este é um dos melhores blockbusters do ano e recomendo vivamente este filme, oferece excelentes efeitos e um dos melhores vilões do cinema dos últimos tempos.
5*
Lê a análise completa a "Vingadores: A Era de Ultron" em http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2015/06/vingadores-era-de-ultron.html