Ser critico de cinema tem as suas vantagens. Os amigos recorrem a mim para opiniões, a minha familia impressiona-se com a minha vasta cultura e a familia da minha mulher aceitou-me logo à primeira. A Fnac ainda não me pediu para escrever um livro sobre "Os 100 melhores filmes a ver enquanto vivo e os 25 enquanto se espera por S.Pedro", mas ainda vou pra novo. Por cinema, entenda-se, super-heróis. Afinal, é o que há agora no cinema, é o que houve há uns meses e no Verão diz que vai haver umas coisas do género. Depois há aquele do DiCaprio que vimos o trailer mas não decorámos o nome. Ou se quisermos ser snobs temos aquela franquia dos carros com aquele falecido actor que era tão bom que até o WarezTuga trocou o icone da página Home pela cara dele. Do Peter O'Toole esqueceram eles, talvez porque soa a algo que se pode comprar no Aki. Enfim, cinema, algo que eu percebo muito. Ainda no outro dia estive a falar com a minha mãe sobre Fellini. Fica bem com o frango que ela faz e era para também não enjoar de esparguete.
Eu posso não conseguir dissecar uma obra do Tarkovsky sem parecer um idiota. No entanto, sou muito bom a escrever imensos parágrafos sobre o Batman que nem um idiota, e isso não ensinam eles na escola da Amadora.
Portanto preparem-se porque o artigo vai ser escrito como fanboy.
Como alguns fiéis leitores sabem, eu sou um valente tarado sexual pela trilogia do Nolan. The Dark Knight Rises incluido, que é para verem que não estou a brincar. Portanto, naturalmente, houve quem ficasse surpreendido por eu não estar muito interessado em ver o Batman v Escuteiro. Iria sempre vê-lo, mas por obrigação. O motivo? Não gosto do Zack Snyder, não gostei do Man of Steel, achei os trailers merdosos e fiquei mais do que satisfeito com a trilogia anterior.
E ali estive eu, na noite de estreia.
Foi bizarro. Começa com uma mulher quase nua, depois há um pirata que começa a ver umas ostras a cantarem e há um homem vestido de banana a levar com terra de uns fulanos a andarem de motocross.
Mas chega de falar da publicidade dinamarquesa, vamos falar sobre o filme.
Quando o filme começa, conquista-me por imediato. É o lado bom do Zack Snyder, o lado que fez o Watchmen que tanto adoro, e amei cada segundo desta primeira cena... excepto como acaba mas dá para perdoar. Trata-se da cena que já vimos 30 vezes, a morte dos pais do Bruce. Felizmente, é feita com o mesmo tratamento visto em The Incredible Hulk, ou seja, uma montagem. Embora eu prefira a ordem de eventos da origem no Batman Begins, não deixou de ser eficaz.
Segue-se a cena vista no trailer de Metropolis a ser destruida. Toda a cena é fantástica e irónicamente trouxe-me muito mais emoção do que quando vi Man of Steel. E eis que acontece. Ali está ele. O primeiro momento estúpido do filme. Um sujeito que se encontra na torre Wayne a ver prédios a cairem na cidade, presumo para partilhar no Snapchat, recebe uma chamada do Ben Affleck: "Olha, desçam as escadas", ao que responde o senhor:"ah ya".
Temos então a cena do Bruce a abraçar a rapariga o que foi genuinamente comovente... até surgir a música. Do nada, a cena torna-se hilariante com o exagero da música de "Vingança", quase parecendo uma paródia do YouTube. É bizarro achar que a música é um dos problemas do filme, mas de facto a música nem sempre se enquadra com a atmosfera que querem dar e em vez de emergir acaba por distrair do que estamos a ver. Atenção, há algumas músicas muito boas, com destaque novamente para a morte dos Wayne que deu um bom tom ao filme. Aprecio também terem dado um tema a cada personagem mas no geral não soou tanto a uma soundtrack e sim uma mescla de vários samples diferentes. Não é isso que estraga o filme mas não ajuda a experiência.
Ainda assim todo este inicio continua a valer uma boa pontuação no Letterboxd. Mas é precisamente a partir da próxima cena que tudo se começa a estragar.
O filme tem mais enredos que uma novela da TVI e à semelhança, só queremos saber se a Alexandra Lencastre morre no final ou não. E é o segundo maior problema do filme. É tudo desnecessário. O que a Lois Lane faz no filme não fez sentido nenhum e além de confuso só consegui perceber que foi tudo inútil. É a personagem mais forçada e tudo o que lhe acontece no final podia perfeitamente acontecer de forma muito mais simples, não querendo explicar melhor por questões de spoiler. A cena (também no trailer. Aliás está lá o filme todo) em que o Batman luta contra soldados do Super-Homem é, tal como suspeitava, irrelevante. Parece o Age of Ultron onde estamos a ver preparações para os eventos futuros. Isto do "Universo Cinemático" fica lindo na prateleira com todos os DVDs, mas eu paguei para ver o Batman contra o Super-Homem e é essa história que me interessa. Chegámos ao momento em que além de teasers para trailers, temos trailers dentro dos filmes. É engraçado apanhar as referências e ficar entusiasmado para as possibilidades mas é preciso manter foco sobre a história que começámos a contar. Em Batman Begins, na última cena o Jim Gordon mostra uma carta de um Joker ao Batman e o filme acaba. Ficámos a saber que no caso de haver uma sequela, o Joker será o vilão. Houve bastante nerdgasms e a história manteve-se concentrada. Não foi preciso o Batman ir encontrando cartas do Joker pelas ruas de Gotham e ponderar sobre qual o significado daquilo.
Todas estas cenas inúteis cortavam uma valente meia hora ao filme e talvez lhe desse mais 5% no Rotten Tomatoes e não tivesse que ir à segunda fase.
Falando por uma última vez no Nolan antes que se aborreçam (no caso de ainda estarem neste artigo), a perseguição do Tumbler no Batman Begins foi das melhores experiências que tive numa sala de cinema (nunca cheguei a ir com raparigas ao cinema por isso era o que tinha). Neste BvS, o batmobile não me fez nada. Eu sei que está lá um modelo realmente construido mas só consigo ver CGI. Não me causou qualquer impacto e o mesmo digo sobre a Batwing. Até o Batman de 1989 tem um uso de veiculos muito mais impressionante.
Nem tudo é horrível no filme. Além do início, tudo o que é feito com o Batman está fantástico (veiculos à parte). Com o Super-Homem, nem tanto. Não acho que ele seja uma personagem neste filme. É um filme do Batman onde o Super-Homem é o tema. As únicas cenas onde achei o Super-Homem interessante foi em tudo o que envolvesse a mãe. Mas mesmo sabendo que não é a melhor versão do Super-Homem, não consigo odiar Henry Cavill no papel. Considero que é o pior das 3 últimas encarnações (sim, acho que Hollywood deve um pedido de desculpa ao Brandon Routh) mas só está a seguir ordens de alguém que sempre quis fazer um filme do Batman. Não é que tenha muito para fazer e à parte dos pêlos do peito a sairem pelo fato e olhinhos de cãozinho constante, acho que faz um bom trabalho dentro do possível. Só não consegue competir com a presença do Ben Affleck. Jeremy Irons foi uma boa escolha para Alfred e Gal Gadot embora não faça muito no filme, brilha como Wonder Woman a ponto de me provocar interesse no seu filme a solo enquanto não me recordo que Chris Pine está no elenco.
Mas vamos falar sobre Jesse Eisenberg. Zombieland à parte, nunca gostei do actor. Nunca o considerei mau actor, simplesmente é daqueles que só de olhar irrita, pelo que temos muito em comum. Mas fui uma de cinco pessoas que gostou da sua personagem pelos trailers. Assim que o vejo no filme, está demasiado over-the-top, mesmo para um filme com uma luta de homens em pijama. Mas com o tempo habituei-me e mesmo sendo por vezes irritante, achei interessante o facto de parecer estar num filme completamente diferente o que beneficia o tipo de personagem. Preferia um Lex Luthor mais sério? Sim, mas pelo menos foi uma performance diferente e pareceu ser das poucas pessoas que se divertiu a fazer o filme. Dito isto, compreendo perfeitamente quem não tenha gostado da performance. Deixo aqui um bom resumo do que é Lex Luthor neste filme, com especial destaque para a sua última cena:
Mas nós fomos a este filme para ver a luta do século: Deus contra Dinheiro.
No fundo, gostei. Achei que ambas personagens tiveram os seus momentos e a conclusão da luta deixou-me satisfeito, o que pelo que tenho visto não é uma opinião popular, mas gostei da desculpa que arranjaram e foi dos poucos momentos do filme que me deixaram investido para o que se seguia.
Mas houve uma falha grave na batalha. Até meio do filme, vá, eu achei as motivações para Bruce Wayne e Clark Kent andarem à zaragata bastante credíveis. Os motivos de Bruce são mais naturais, mas não havia muito mais para motivar o Clark. Excepto que, entretanto, houve. O problema que isso trouxe foi que a luta já não teve o mesmo efeito pois queriamos que o Super-Homem ganhasse porque tem de ser. Em vez de uma luta de diferentes pontos de vista, tanto a luta como o próprio Batman passaram a ser um obstáculo e pela primeira vez no filme é o Batman que perde interesse, dando lugar para a personagem que é Super-Homem (tou um bocado farto de dizer Super-Homem mas também já estamos a acabar). Mas como digo, o final da luta foi bom para os manter em pé de igualdade.
Resta então falar do Doomsday.
Teria sido tão, mas tão melhor se não tivessem arruinado a surpresa com o trailer.
Quando Doomsday surge, até que fiquei com esperanças. Foi bem apresentado e intimidante. Entretanto começa a mexer-se mais e lembro-me que já passei o Batman: Arkham Asylum na PS3. A luta não convence. Gosto das suas transformações, gosto como o Super-Coiso tenta lidar com ele (resultando num dos shots mais lindos do filme) e a Wonder Woman brilha, mas é um monte de After Effects por todo o lado levando-me a concluir que o filme comete o mesmo erro que Man of Steel: Não estou interessado no que está a passar e a destruição é tanta que depressa se torna insonsa. Antes que me perguntem: "Mas estavas à espera do quê com uma luta entre deuses?"
Estava à espera que fosse divertido.
Passei a maior parte do tempo a ver ogivas cor-de-laranja e quando via alguém era demasiado rápido para deixar-me envolver na luta. Aliás, aposto que o Batman pensou o mesmo.
O resultado foi eu não sentir o que devia com a conclusão da batalha, por mais surpreendente que tenha sido. Mas não deixo de achar um bom final que faz sentido com o resto do filme. Infelizmente também estragaram isso mais à frente mas penso que ou o filme estragava ou o marketing faria isso mais tarde.
Ora, portanto, achei que o filme merece a tareia que está a levar dos criticos? Em teoria, merece porque cada um tem a sua opinião e a maioria ou detestou o filme ou gostou mas não o suficiente. Eu vou para a última. Sinto que está aqui um bom filme algures, mas precisa de ser limpo e de ter uma conversa séria à mesa com os pais presentes.
O filme arrisca bastante e toca em temáticas algo ousadas que outros filmes do género não se atrevem a aproximar. É também bastante violento e por poucas vezes chega a causar suspense inesperado, destancando aqui a primeira aparição do Batman. A minha cena favorita depois do inicio tem de ser a da Senadora. Quem viu, sabe do que falo, e provavelmente foi surpreendido como eu. Das cenas mais brilhantes e mais memoráveis do filme. E existe uma boa quantidade de momentos brilhantes, dando como outro exemplo o discurso do Lex Luthor na sua festa que o Jimmy Kimmel invade. Não me referindo a todo o texto em si mas em como em apenas uma frase conseguiram explicar quais são as motivações do Lex e o que é a sua personagem, sem ter de ser demasiado directo com uma conversa com a Anne Hathaway.
Mas por mais que goste do filme, a verdade é que está cheio de lixo e o terceiro acto não convence que tenha valido a pena. Quando dizem que a DC quis fazer o que a Marvel fez em 5 anos com um único filme, eu não concordo que seja má ideia. Acho que foi inteligente e tiveram a cabeça no sitio certo. Só deixaram foi o gato andar pelo teclado enquanto iam buscar café. Já todos conhecemos o Super-Homem e já estam(os) fartos do Batman e a Wonder Woman teve desenvolvimento suficiente para o que se queria dela, não é preciso esperar 3 anos para ver este filme até porque o resultado seria o mesmo, além de ser bom haver uma forma nova e corajosa de abordar estas histórias, já que não nos vão largar durante pelo menos uma década.
Pensamentos finais: Tou com alguma curiosidade para a Justice League, para o filme a solo do Ben Affleck e para Suicide Squad, mais que não seja para ver como é que Ben Affleck interaje com o Joker.
Em suma: Não considero Batman v Já-Foste um desastre total, mas é muito provavelmente o que vocês esperam que vá ser. E esta frase foi bastante esclarecedora.
Eu posso não conseguir dissecar uma obra do Tarkovsky sem parecer um idiota. No entanto, sou muito bom a escrever imensos parágrafos sobre o Batman que nem um idiota, e isso não ensinam eles na escola da Amadora.
Portanto preparem-se porque o artigo vai ser escrito como fanboy.
Como alguns fiéis leitores sabem, eu sou um valente tarado sexual pela trilogia do Nolan. The Dark Knight Rises incluido, que é para verem que não estou a brincar. Portanto, naturalmente, houve quem ficasse surpreendido por eu não estar muito interessado em ver o Batman v Escuteiro. Iria sempre vê-lo, mas por obrigação. O motivo? Não gosto do Zack Snyder, não gostei do Man of Steel, achei os trailers merdosos e fiquei mais do que satisfeito com a trilogia anterior.
E ali estive eu, na noite de estreia.
Foi bizarro. Começa com uma mulher quase nua, depois há um pirata que começa a ver umas ostras a cantarem e há um homem vestido de banana a levar com terra de uns fulanos a andarem de motocross.
Mas chega de falar da publicidade dinamarquesa, vamos falar sobre o filme.
Se bem que este jogo entre o público acabou por ser mais emocionante |
Quando o filme começa, conquista-me por imediato. É o lado bom do Zack Snyder, o lado que fez o Watchmen que tanto adoro, e amei cada segundo desta primeira cena... excepto como acaba mas dá para perdoar. Trata-se da cena que já vimos 30 vezes, a morte dos pais do Bruce. Felizmente, é feita com o mesmo tratamento visto em The Incredible Hulk, ou seja, uma montagem. Embora eu prefira a ordem de eventos da origem no Batman Begins, não deixou de ser eficaz.
Como eu disse, conquistou-me logo |
Segue-se a cena vista no trailer de Metropolis a ser destruida. Toda a cena é fantástica e irónicamente trouxe-me muito mais emoção do que quando vi Man of Steel. E eis que acontece. Ali está ele. O primeiro momento estúpido do filme. Um sujeito que se encontra na torre Wayne a ver prédios a cairem na cidade, presumo para partilhar no Snapchat, recebe uma chamada do Ben Affleck: "Olha, desçam as escadas", ao que responde o senhor:"ah ya".
Temos então a cena do Bruce a abraçar a rapariga o que foi genuinamente comovente... até surgir a música. Do nada, a cena torna-se hilariante com o exagero da música de "Vingança", quase parecendo uma paródia do YouTube. É bizarro achar que a música é um dos problemas do filme, mas de facto a música nem sempre se enquadra com a atmosfera que querem dar e em vez de emergir acaba por distrair do que estamos a ver. Atenção, há algumas músicas muito boas, com destaque novamente para a morte dos Wayne que deu um bom tom ao filme. Aprecio também terem dado um tema a cada personagem mas no geral não soou tanto a uma soundtrack e sim uma mescla de vários samples diferentes. Não é isso que estraga o filme mas não ajuda a experiência.
Ainda assim todo este inicio continua a valer uma boa pontuação no Letterboxd. Mas é precisamente a partir da próxima cena que tudo se começa a estragar.
O filme tem mais enredos que uma novela da TVI e à semelhança, só queremos saber se a Alexandra Lencastre morre no final ou não. E é o segundo maior problema do filme. É tudo desnecessário. O que a Lois Lane faz no filme não fez sentido nenhum e além de confuso só consegui perceber que foi tudo inútil. É a personagem mais forçada e tudo o que lhe acontece no final podia perfeitamente acontecer de forma muito mais simples, não querendo explicar melhor por questões de spoiler. A cena (também no trailer. Aliás está lá o filme todo) em que o Batman luta contra soldados do Super-Homem é, tal como suspeitava, irrelevante. Parece o Age of Ultron onde estamos a ver preparações para os eventos futuros. Isto do "Universo Cinemático" fica lindo na prateleira com todos os DVDs, mas eu paguei para ver o Batman contra o Super-Homem e é essa história que me interessa. Chegámos ao momento em que além de teasers para trailers, temos trailers dentro dos filmes. É engraçado apanhar as referências e ficar entusiasmado para as possibilidades mas é preciso manter foco sobre a história que começámos a contar. Em Batman Begins, na última cena o Jim Gordon mostra uma carta de um Joker ao Batman e o filme acaba. Ficámos a saber que no caso de haver uma sequela, o Joker será o vilão. Houve bastante nerdgasms e a história manteve-se concentrada. Não foi preciso o Batman ir encontrando cartas do Joker pelas ruas de Gotham e ponderar sobre qual o significado daquilo.
Se bem que eu próprio me interrogo diáriamente |
Todas estas cenas inúteis cortavam uma valente meia hora ao filme e talvez lhe desse mais 5% no Rotten Tomatoes e não tivesse que ir à segunda fase.
Falando por uma última vez no Nolan antes que se aborreçam (no caso de ainda estarem neste artigo), a perseguição do Tumbler no Batman Begins foi das melhores experiências que tive numa sala de cinema (nunca cheguei a ir com raparigas ao cinema por isso era o que tinha). Neste BvS, o batmobile não me fez nada. Eu sei que está lá um modelo realmente construido mas só consigo ver CGI. Não me causou qualquer impacto e o mesmo digo sobre a Batwing. Até o Batman de 1989 tem um uso de veiculos muito mais impressionante.
Não que esteja mal feito, mas não me fez sentir emoção nenhuma |
Nem tudo é horrível no filme. Além do início, tudo o que é feito com o Batman está fantástico (veiculos à parte). Com o Super-Homem, nem tanto. Não acho que ele seja uma personagem neste filme. É um filme do Batman onde o Super-Homem é o tema. As únicas cenas onde achei o Super-Homem interessante foi em tudo o que envolvesse a mãe. Mas mesmo sabendo que não é a melhor versão do Super-Homem, não consigo odiar Henry Cavill no papel. Considero que é o pior das 3 últimas encarnações (sim, acho que Hollywood deve um pedido de desculpa ao Brandon Routh) mas só está a seguir ordens de alguém que sempre quis fazer um filme do Batman. Não é que tenha muito para fazer e à parte dos pêlos do peito a sairem pelo fato e olhinhos de cãozinho constante, acho que faz um bom trabalho dentro do possível. Só não consegue competir com a presença do Ben Affleck. Jeremy Irons foi uma boa escolha para Alfred e Gal Gadot embora não faça muito no filme, brilha como Wonder Woman a ponto de me provocar interesse no seu filme a solo enquanto não me recordo que Chris Pine está no elenco.
Mas vamos falar sobre Jesse Eisenberg. Zombieland à parte, nunca gostei do actor. Nunca o considerei mau actor, simplesmente é daqueles que só de olhar irrita, pelo que temos muito em comum. Mas fui uma de cinco pessoas que gostou da sua personagem pelos trailers. Assim que o vejo no filme, está demasiado over-the-top, mesmo para um filme com uma luta de homens em pijama. Mas com o tempo habituei-me e mesmo sendo por vezes irritante, achei interessante o facto de parecer estar num filme completamente diferente o que beneficia o tipo de personagem. Preferia um Lex Luthor mais sério? Sim, mas pelo menos foi uma performance diferente e pareceu ser das poucas pessoas que se divertiu a fazer o filme. Dito isto, compreendo perfeitamente quem não tenha gostado da performance. Deixo aqui um bom resumo do que é Lex Luthor neste filme, com especial destaque para a sua última cena:
Mas nós fomos a este filme para ver a luta do século: Deus contra Dinheiro.
No fundo, gostei. Achei que ambas personagens tiveram os seus momentos e a conclusão da luta deixou-me satisfeito, o que pelo que tenho visto não é uma opinião popular, mas gostei da desculpa que arranjaram e foi dos poucos momentos do filme que me deixaram investido para o que se seguia.
Mas houve uma falha grave na batalha. Até meio do filme, vá, eu achei as motivações para Bruce Wayne e Clark Kent andarem à zaragata bastante credíveis. Os motivos de Bruce são mais naturais, mas não havia muito mais para motivar o Clark. Excepto que, entretanto, houve. O problema que isso trouxe foi que a luta já não teve o mesmo efeito pois queriamos que o Super-Homem ganhasse porque tem de ser. Em vez de uma luta de diferentes pontos de vista, tanto a luta como o próprio Batman passaram a ser um obstáculo e pela primeira vez no filme é o Batman que perde interesse, dando lugar para a personagem que é Super-Homem (tou um bocado farto de dizer Super-Homem mas também já estamos a acabar). Mas como digo, o final da luta foi bom para os manter em pé de igualdade.
Resta então falar do Doomsday.
Frame tirado do filme, com CGI finalizado |
Teria sido tão, mas tão melhor se não tivessem arruinado a surpresa com o trailer.
Quando Doomsday surge, até que fiquei com esperanças. Foi bem apresentado e intimidante. Entretanto começa a mexer-se mais e lembro-me que já passei o Batman: Arkham Asylum na PS3. A luta não convence. Gosto das suas transformações, gosto como o Super-Coiso tenta lidar com ele (resultando num dos shots mais lindos do filme) e a Wonder Woman brilha, mas é um monte de After Effects por todo o lado levando-me a concluir que o filme comete o mesmo erro que Man of Steel: Não estou interessado no que está a passar e a destruição é tanta que depressa se torna insonsa. Antes que me perguntem: "Mas estavas à espera do quê com uma luta entre deuses?"
Estava à espera que fosse divertido.
Passei a maior parte do tempo a ver ogivas cor-de-laranja e quando via alguém era demasiado rápido para deixar-me envolver na luta. Aliás, aposto que o Batman pensou o mesmo.
O resultado foi eu não sentir o que devia com a conclusão da batalha, por mais surpreendente que tenha sido. Mas não deixo de achar um bom final que faz sentido com o resto do filme. Infelizmente também estragaram isso mais à frente mas penso que ou o filme estragava ou o marketing faria isso mais tarde.
Ora, portanto, achei que o filme merece a tareia que está a levar dos criticos? Em teoria, merece porque cada um tem a sua opinião e a maioria ou detestou o filme ou gostou mas não o suficiente. Eu vou para a última. Sinto que está aqui um bom filme algures, mas precisa de ser limpo e de ter uma conversa séria à mesa com os pais presentes.
O filme arrisca bastante e toca em temáticas algo ousadas que outros filmes do género não se atrevem a aproximar. É também bastante violento e por poucas vezes chega a causar suspense inesperado, destancando aqui a primeira aparição do Batman. A minha cena favorita depois do inicio tem de ser a da Senadora. Quem viu, sabe do que falo, e provavelmente foi surpreendido como eu. Das cenas mais brilhantes e mais memoráveis do filme. E existe uma boa quantidade de momentos brilhantes, dando como outro exemplo o discurso do Lex Luthor na sua festa que o Jimmy Kimmel invade. Não me referindo a todo o texto em si mas em como em apenas uma frase conseguiram explicar quais são as motivações do Lex e o que é a sua personagem, sem ter de ser demasiado directo com uma conversa com a Anne Hathaway.
Eu consigo, mas tenho muita dificuldade em defender esta cena. |
Mas por mais que goste do filme, a verdade é que está cheio de lixo e o terceiro acto não convence que tenha valido a pena. Quando dizem que a DC quis fazer o que a Marvel fez em 5 anos com um único filme, eu não concordo que seja má ideia. Acho que foi inteligente e tiveram a cabeça no sitio certo. Só deixaram foi o gato andar pelo teclado enquanto iam buscar café. Já todos conhecemos o Super-Homem e já estam
Pensamentos finais: Tou com alguma curiosidade para a Justice League, para o filme a solo do Ben Affleck e para Suicide Squad, mais que não seja para ver como é que Ben Affleck interaje com o Joker.
Em suma: Não considero Batman v Já-Foste um desastre total, mas é muito provavelmente o que vocês esperam que vá ser. E esta frase foi bastante esclarecedora.
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