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Texto Original publicado em Girl on Film





Como ficar indiferente a um filme do tipo “das 100 pessoas na sala de cinema, apenas 20 ficarão até ao fim”!

Cru, frio, escuro. Amostra quase documental de uma realidade social complexa, carente, disfuncional e perturbadora. 
O filme de Andrea Arnold conta a história de Jackie (interpretada por Kate Dickie) uma polícia que tem a seu cargo a video-vigilância de um bairro social denominado Red Road - situado em Glasgow. 
Até aqui tudo parece normal... 
Mas depressa percebemos que esta mulher é solitária, com pouca ou nenhuma vida além trabalho. Aparentemente vive sozinha, tem uma relação física, mas fria e automática com um homem casado, portadora de uma aliança e que dorme com dois potes.





Tudo muda no momento em que um homem aparece nos seus ecrãs de vigilância. Não percebemos porquê o fascínio/obstinação imediata que ela sente, mas percebe-se que a razão será algo obscura pois a perturbação invade-a. Jackie inicia uma verdadeira perseguição voyer ao homem. 
Há muito que não se entende... mas são estas “pontas soltas” na narrativa do filme que o tornam fascinante. Percebemos que Jackie é uma pessoa perturbada, é sugerido que aquela ligação ao estranho não é casual, mas não percebemos bem o porquê de tudo. Ficamos com mais dúvidas quando Jackie sai da frente dos ecrans de videovigilância e vai para o terreno, iniciando uma perseguição além vídeo. De forma destemida e arriscada Jackie envolve-se com aqueles que vigia diariamente. E nós, os espectadores continuamos sem alcançar o porquê.





Ao longo do filme é pedido (de forma subtil) aos espectadores atenção máxima aos detalhe, às expressões da protagonista, à sua luta diária e sobretudo à sua tristeza e infelicidade atroz.
As personagens secundárias são quase que remetidas à insignificância, uns são colegas, outros percebemos que são familiares, mas não sabemos quem. Há um casamento… de quem? Desconhece-se, mas os diálogos que acontecem na cerimónia perturbam ainda mais Jackie.





Depois de alguns desenvolvimentos e perseguições descartadas... Depressa a ligação entre Jackie e o estranho sofre uma intensa aproximação. E é neste momento em que os dois se encontram que a história do filme começa a ser desvendada. A cena de sexo entre os dois é bruta, explicita, e da parte de Jackie é envolta num espírito de vingança que finalmente percebemos. Depois do envolvimento sexual, a protagonista simula que foi violada. Manipula o esperma que ficou depositado no preservativo e agride-se violentamente a ela própria. Segue-se a polícia...





A justificação para tudo é aparentemente simples: o homem que Jackie vigia, segue e com quem acaba por se envolver fisicamente matou-lhe a filha num acidente de viação. Todas as acções da personagem principal tem como objectivo a vingança. Mas conseguirá Jackie alcançar a paz de espírito e vingar a morte da filha? 
A resposta é sim... talvez... não! nada melhor do que ver o filme.

Red Road foi vencedor em 2006 do Prémio Júri em Cannes, ao qual juntou 5 Baftas e um Sutherland Trophy - pela originalidade do argumento. 
O filme fez "parte de um conceito único de três filmes, chamado Advance Party, produzido pela Sigma Films em Glasgow e pela Zentropa na Dinamarca. A ideia é que o mesmo grupo de personagens seja entregue a três diferentes realizadores, que terão de desenvolver um filme com essas personagens. Todos os filmes terão o mesmo tempo de rodagem e serão filmados na mesma cidade, Glasgow" (in My One Thousand Movies)




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One Response so far.

  1. Gostei muito deste filme, é muito pesado e complexo em termos emocionais. Também escrevi uma crítica no meu blog:

    http://onarradorsubjectivo.blogspot.pt/2011/12/red-road-andrea-arnold-2006-810.html

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