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"All the world's a stage,
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances,
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages."

William Shakespeare




Quando comecei a ouvir rumores de que Roland Emmerich ia levar a cabo um projecto sobre William Shakespeare, achei estranho, não por duvidar das suas capacidades enquanto "homem do cinema", mas porque achei que ia enveredar num registo totalmente diferente daquele que nos habituou. E recordei que da última vez que o realizador pegou em História - o filme 10.000 a.C, as reacções, sobretudo ao nível da "crítica entendida", não lhe correram muito bem.
Mas Emmerich ousou e muito com este filme.
Talvez o mundo "além Inglaterra" não entenda a ousadia deste filme. A ousadia de pegar numa teoria que abala a História de Inglaterra e o facto de abordar um dos homens que é considerado mestre da literatura universal - William Shakespeare. Acredito (infelizmente) que poucos serão aqueles que conhecem a obra literária do autor em causa. Muitos só conhecem aquilo que os documentários, séries ou filmes mostram. 
E nesta área sinto-me privilegiada. Felizmente tive várias cadeiras no meu curso de licenciatura que não me fazem ser indiferente a esta  história e personagens. Intituladas História Cultural e das Mentalidades e História Institucional e Política da Idade Moderna fizeram e fazem com que o meu universo seja povoado não só por Shakespeare, por Elizabeth (obrigatória), por Sir Robert Cecil, mas também pelos senhores de Essex, Oxford e Southampton, etc. Resumindo: teatro, política, diplomacia - corte. 




O realizador soube aproveitar e bem, o melhor do Shakespeare in Love, de John Madden - sobretudo os cenários que envolvem o teatro e a paixão da Rainha pela arte. Mas foi feliz de igual forma em encontrar o poder da personagem interpretado por Cate Blanchett, em Elizabeth (1998) - a frescura, simpatia e "loucura" da Rainha Virgem, mas também a sua rigidez e política destemida.
Mas Elizabeth, interpretada de forma sublime por uma senhora - Vanessa Redgrave - é colocada em plano secundário por duas exímias personagens - William Cecil (interpretado por David Thewlis) e Earl of Oxford (interpretado exemplarmente por Rhys Ifans).
A história do filme é baseada na antiga controvérsia literária - quem foi William Shakespeare? Pode alguém ter sido tão genial para escrever tantas obras de tão grande qualidade? Como conhecia tão bem a vida na corte Tudor? Como conhecia descrever tão detalhadamente a sociedade e cultura italiana? Porque é que além das assinaturas, o único registo a envolver o seu nome, o menciona simplesmente como um actor? E porque é que no seu testamento, a imensa obra literária não é documentada?





Emmerich dá a sua resposta. Shakespeare era um simples actor, quase analfabeto e o Conde de Oxford (o 17º) - Edward de Vere foi o verdadeiro autor da imensa obra literária. O Conde era um homem da corte, dramaturgo, poeta lírico, fã de desporto e dedicado ao mecenato das artes. O filme aborda a suposta relação do Conde com a Rainha, a suposta descendência e relação incestuosa - muitos são os que defendem que o Conde era filho da Rainha Virgem e a polémica entre Oxford e William Cecil, seu tutor bem como a disputa entre o Conde e o filho de Cecil - Robert. 
Apesar da simplicidade da teoria em torno "questão Shakespeare", o filme pode tornar-se confuso para aqueles que não conhecem estes enredos históricos que envolve a família Tudor e a sua Corte. O grande número de personagens e os constantes flashbacks - que vão desde a juventude de Elizabeth até à sua morte - podem cansar os mais desatentos,  mas permitam-me dizer que podem servir como "cola fixadora" àqueles que apreciam estes enredos e que vêm na tela do cinema todos os dramas palacianos e golpes diplomáticos que estudaram. 
A receita é simples: arte, amor impossível, intriga, ganância, sonhos, mistério e História. E no fim, a reflexão: 

"Ser ou não ser, eis a questão"



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