(alerta: spoiler) Não simpatizo com Woody Allen. Match Point é o meu eleito do realizador e depois de ver Midnight in Paris, confirmei que assim permanecerá e a simpatia para com o senhor continua em "vias de extinção".
O filme tinha tudo para ser bom, mas fica-se pelo "pateta". A história é interessante - um escritor à procura de inspiração em Paris (será este tema uma metáfora aplicável a Allen?). O filme é envolto por personagens básicas e dadas ao ridículo, mergulhado por viagens no tempo e encontros com figuras de vulto e totalmente subaproveitadas. Eis os "detalhes" que mais me desagradaram:
- A politiquice expressa em vários momentos através do discurso democratas versus republicanos.
- Ernest Hemingway gozado com parvas referências à sua experiência na Segunda Guerra Mundial, pela sua paixão pela caça e como não podia deixar de ser, a crítica ao gosto do escritor pelas touradas. É basicamente um bêbado sentado num bar. Só faltou insinuarem uma relação homossexual com Juan Belmonte.
- Pablo Picasso retratado como alguém mínimo, preocupado com uma amante - será o mesmo Picasso? Aquele que um dia disse: "a mulher para ser perfeita deve ser passiva e submissa (...)"?.
- Gertrude Stein, com as paredes da sua casa correctamente recheadas por quadros de Juan Gris, Matisse e Picasso's é uma mera revisora literaria?
- Salvador Dalí - sim era louco, mas dar-lhe tempo de antena para falar de rinocerontes, era desnecessário.
Pelo filme circulam ainda: Cole Porter, Zelda Fitzgerald, F. Scott Fitzgerald, Joséphine Baker, Luis Buñuel, T.S. Eliot, Henri Matisse, Leo Stein, Henri de Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin, Edgar Degas, etc. TUDO para conseguir algo genial, mas não, a opção "pateta" foi a escolhida. Este desfile de personagens históricas e intocáveis, envoltas em diálogos fracos, limitados e com tentativas de "cunho cómico" são para mim verdadeiros baldes de água fria.
Existem no entanto, três coisas fazem sentido no filme:
- Owen Wilson
- Paris
- e a escolha da pintura de Vicent van Gogh como fundo para o cartaz promocional do filme. Parece-me que Allen e Gogh têm algo em comum - esquizofrenia, por exemplo.