Contém spoilers (mais ou menos)
Ultimamente evito ler críticas e notícias tendenciosas - seja para o bem, seja para
o mal, sobre determinados filmes. Procurei ir ver o filme, com a mínima informação possível, sendo que as únicas coisas que vi foram os trailer (dos melhores que se tem feito ultimamente) e os posters.
Não conheço a
obra literária por detrás do filme e não sou propriamente fã de ficção
científica e assim sendo, peço desculpa antecipadamente àqueles que acharem que o que vou
escrever é terrivelmente parvo e dispensável.
Questiono: é o Rise of the Planet of the Apes ficção científica?
- É ficção científica a luta incessante, despesista, arrogante, torturadora, manipuladora e capitalista que as indústrias farmacêuticas enveredam na busca do medicamento supostamente perfeito ?
- É ficção científica a propagação de vírus criados em laboratório?
- É ficção científica a eterna mania que o ser humano tem em denominar-se o "ser superior"?
- É ficção científica o desrespeito e a intolerância para com a doença e por aqueles que são diferentes da normalidade vigente?
- É ficção científica ver primatas a demonstrarem inteligência, capacidades de raciocínio, sentimentos e domínio na língua gestual?
E acrescento: Luta de classes? Acesso a direitos básicos? Respeito? Liberdade?
Somos
nós - homo sapiens sapiens - membros do ramo de primatas que foi
brindado pelo processo de hominizacao, superiores? Seres evoluídos
física e mentalmente ?
Tenho dúvidas.
Talvez o facto de ter
estudado a hominização me faça ter algumas inquietações. Tento
ter sempre presente a ideia de que os nossos antepassados primatas não inventaram o fogo,
aprenderam a manusea-lo, criaram os bifaces e pintaram nas paredes das grutas, as
primeiras representações artísticas da História. Convém ter igualmente "a fresco" na memória: selecção natural, a lei do mais forte, etc. - o evolucionismo.
O filme é
competente, bons efeitos especiais, um César extraordinário. Um James Franco suficiente, John Lithgow num bom registo e Freida Pinto, linda de morrer. Mas César é o centro das atenções - nele vi um líder sindical, um chefe de estado, o responsável por uma empresa de
sucesso, um líder espiritual e um intérprete de língua gestual.
Até hoje sempre tinha tido o sonho utópico de ter um macaco em casa. Mudei de ideias. Não por receios físicos, mas por medos intelectuais.