Por Cine31.
Vou iniciar este texto mencionando um pormenor que provavelmente deixou bastantes espectadores confusos com algumas cenas conflituosas com cenas dos anteriores filmes dos X-Men. O espectador contemporâneo já está familiar com os conceitos de sequela, prequela, remake, reboot, etc. Este X-Men First Class é uma prequela de X-Men (2000), X2 (2003), X-Men: The Last Stand (2006) e no entanto contraria factos que aprendemos nesses filmes. A palavra de ordem aqui é "retcon", retroactive continuity (continuidade retroactiva), um conceito mais familiar para os fãs de banda desenhada e literatura (apesar de este recurso também ser utilizado em telenovelas, séries de TV, etc. Saiba mais sobre este curioso oximoro, aqui) que consiste em modificar descaradamente eventos estabelecidos anteriormente, com o objectivo de resolver problemas de continuidade, modernizar ou simplificar continuidades muito longas ou reintroduzir personagens.
Os X-Men regressam ao grande ecrã num filme carregado de "estilo", mas ao contrário de muito produto cinematográfico que anda por ai, o estilo não é somente superficial. Nota-se que houve cuidado em todos os aspectos, para que não apenas parecesse "estiloso", mas realmente entretenimento de qualidade. Um elenco acertadissimo de que se destaca Michael Fassbender, que dá um show como Erik Lensherr, o poderoso mas inseguro e jovem Magneto - e que segundo vejo pela Net deixa mulheres (e homens) a suspirar! A dupla de Fassbender com James McAvoy como o telepata Charles Xavier funciona perfeitamente, retratando uma credível e intensa amizade entre dois homens (bromance, como se diz agora) que são o arquétipo de duas ideologias distintas, divididos entre a dominação total (Magneto, criado num campo de concentração, depois da guerra dedicou-se a caçar os fugitivos Nazis) e a pacifica convivência com a espécie humana (Xavier, um jovem professor de genética que teve uma vida desafogada até ao momento). Os X-Men e os outros mutantes são uma minoria, receada e perseguida pela maioria "normal" e com poder; e por esse motivo sempre foi possível fazer várias leituras e paralelos com problemas do mundo real, da luta das mais diversas minorias contra a discriminação ou extermínio (negros, homossexuais, etc). Esses aspectos já tinham sido bem retratados nos filmes anteriores, e neste é possível ver a génese do acossamento aos mutantes. Ninguém é inocente.
Além da amizade entre Xavier e Magneto a película - ambientada nos anos 60, em plena crise dos mísseis de Cuba - também ilustra a criação da primeira equipa de X-Men, um grupo de jovens mutantes desajustados: Mystique (nos filmes cronologicamente anteriores, a transmorfa fazia parte dos vilões) foi criada com Xavier desde criança, o genial Fera (ainda sem pêlo azul a cobrir todo o corpo), o destruidor Havok (irmão de Scott Summer, o futuro líder dos X-Men, o Cíclops), Banshee, Anjo (não o Anjo clássico, mas Angel Salvadore) e Darwin. Xavier e Magneto vão liderá-los e treiná-los para parar o grupo de terroristas mutantes Clube do Inferno (Hellfire Club, aqui com a telepata Emma Frost, o teleportador Azazel e Riptide como membros), liderados por Sebastion Shaw (Kevin Bacon, à vontade como um vilão megalómano), e evitar que estes despoletem a Terceira Guerra Mundial, manipulando as forças americanas e soviéticas. Do lado dos heróis a Dr.ª Moira MacTaggert (Rose Byrne) passou de geneticista (na banda desenhada) a agente da CIA, que vai auxiliar a equipa de Xavier. Com um elenco tão extenso é normal que nem todos tenham grande desenvolvimento, nem muito tempo de ecrã, mas no final do filme não há personagem que permaneça ileso. Além dos cameos e referências aos filmes posteriores, da realização segura de dinâmica de Matthew Vaughn (Stardust, Kick-Ass) outros pormenores deliciosos são a portentosa banda sonora criada por Henry Jackman, e as elegantes direcções de arte e departamento de guarda-roupa, que recriam o ambiente dos anos 60, sem os excessos visuais vistos noutras produções. Os efeitos especiais também estão bastante bem conseguidos.
Além das cenas de acção, ainda há espaço para algum inesperado humor e romance. Destaco o brutal e angustiante ataque do Clube do Inferno a uma instalação da CIA, a invasão de Magneto a uma mansão russa, a batalha final no mar perto de Cuba e a dramática e inesperada conclusão que se segue. Apesar de ter saído do cinema com a frase "Magneto Was Right" na cabeça, acho admirável o sonho utópico e a luta de Xavier para integrar os mutantes numa humanidade que os aceite com as suas diferenças e que não temam o desconhecido, e abracem o próximo passo na Evolução. Mas quem já viu os outros filmes dos X-Men sabe como isso correu...
Além da amizade entre Xavier e Magneto a película - ambientada nos anos 60, em plena crise dos mísseis de Cuba - também ilustra a criação da primeira equipa de X-Men, um grupo de jovens mutantes desajustados: Mystique (nos filmes cronologicamente anteriores, a transmorfa fazia parte dos vilões) foi criada com Xavier desde criança, o genial Fera (ainda sem pêlo azul a cobrir todo o corpo), o destruidor Havok (irmão de Scott Summer, o futuro líder dos X-Men, o Cíclops), Banshee, Anjo (não o Anjo clássico, mas Angel Salvadore) e Darwin. Xavier e Magneto vão liderá-los e treiná-los para parar o grupo de terroristas mutantes Clube do Inferno (Hellfire Club, aqui com a telepata Emma Frost, o teleportador Azazel e Riptide como membros), liderados por Sebastion Shaw (Kevin Bacon, à vontade como um vilão megalómano), e evitar que estes despoletem a Terceira Guerra Mundial, manipulando as forças americanas e soviéticas. Do lado dos heróis a Dr.ª Moira MacTaggert (Rose Byrne) passou de geneticista (na banda desenhada) a agente da CIA, que vai auxiliar a equipa de Xavier. Com um elenco tão extenso é normal que nem todos tenham grande desenvolvimento, nem muito tempo de ecrã, mas no final do filme não há personagem que permaneça ileso. Além dos cameos e referências aos filmes posteriores, da realização segura de dinâmica de Matthew Vaughn (Stardust, Kick-Ass) outros pormenores deliciosos são a portentosa banda sonora criada por Henry Jackman, e as elegantes direcções de arte e departamento de guarda-roupa, que recriam o ambiente dos anos 60, sem os excessos visuais vistos noutras produções. Os efeitos especiais também estão bastante bem conseguidos.
Além das cenas de acção, ainda há espaço para algum inesperado humor e romance. Destaco o brutal e angustiante ataque do Clube do Inferno a uma instalação da CIA, a invasão de Magneto a uma mansão russa, a batalha final no mar perto de Cuba e a dramática e inesperada conclusão que se segue. Apesar de ter saído do cinema com a frase "Magneto Was Right" na cabeça, acho admirável o sonho utópico e a luta de Xavier para integrar os mutantes numa humanidade que os aceite com as suas diferenças e que não temam o desconhecido, e abracem o próximo passo na Evolução. Mas quem já viu os outros filmes dos X-Men sabe como isso correu...
Como já me estou a alongar muito, e ainda tenho mais umas críticas para concluir, vou terminar recomendando este belo blockbuster, tanto a novatos como veteranos da saga cinematográfica e da banda desenhada, que vão apreciar todas as private jokes. Eu mal posso esperar que o DVD saia à venda! E que venha a sequela (desta prequela)!
Mais informação sobre o filme no Cine31: "X-Men: First Class / X-Men: O Ínicio".
Mais informação sobre o filme no Cine31: "X-Men: First Class / X-Men: O Ínicio".
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gostei muito de ler o que escreveste. quando se gosta, é meio caminho...
Sim: estou contigo na "missão DVD"
A Moira é agente da CIA... bem me parecia que algo não me batia certo nos trailers. Mas provavelmente vai acabar por seguir nesse sentido (no X3 ela é uma das melhores geneticistas e trata de um mutante muito especial -only body no mind).
Review interessante sim e muito alimentadora do entusiasmo em o ver e descobrir... quando "estrear" (na minha linha).
Obs: ias dizer algo sobre a "Anjo ()" mas... não saiu nada.
Obrigado pela chamada de atenção! Já fui corrigir! :-D
Corrigido:
Anjo (não o Anjo clássico, mas Angel Salvadore)
Esta Angel Salvadore é uma personagem recente (2001) e só a meteram no filme por causa do nome (em homenagem ao integrante dos X-Men originais, Anjo o Warren Worthington III que apareceu no X-Men III)
Sim eu bem conhecia o Anjo (que aparece no X3 - e desaproveitado), era uma das minhas personagens (não das favoritas) mas que muito apreciava da equipa. E tenho as BDs originais, e realmente recordo-me que tinha o Anjo (e o Ciclope).
Ao longo da promoção também me pareceu isso de a tal Angel Salvatore figurar aqui como uma espécie de "anjo" de substituição.
Quando vir... melhor saberei.
Obs: Este fim-de-semana abri a minha caixinha de "pandora". O He-man sem acessórios lá estava junto do Capitão América e do Dr.Octopus (ambos em mau estado - ser tio...). As minhas BDs todas lá, algumas estragaram-se nas capas... e muito mais que nem lembrava já. Depois revelo-te David.
Eu gostava bastante do Anjo clássico, mas depois transformaram-no no Arcanjo e ... bem, não gosto.
Fico à espera para ver esse material [de colecção] ;-)
Vi ontem e gostei imenso. O cast é excelente, a história muito bem pensada, a colocação deste universo num acontecimento e época histórica sem a mudar... é tudo absolutamente bem conseguido. Espero que façam uma segunda prequela. P.S- O que eu me ri com o cameo do Hugh Jackman...
Carlos: a aparição do Jackman é hilariante, só não ri mais porque alguém já me tinha feito o favor de "spoilar" no Tumblr :-(
E está prevista uma trilogia. :-)