A Estória:
Algumas linhas de texto no início da película informam o público que depois de cientistas descobrirem os supostos restos de Krypton, o planeta de origem de Kal-El ou Super-Homem, este desapareceu. E como já adivinharam pelo título do filme, o herói voltou à Terra. Uma Terra que entretanto se habituou a viver sem o Homem de Aço, como se depreende pelo artigo que valeu a Lois Lane um Pulitzer: “Porque o Mundo não precisa do Super-Homem”. Mas o retornado das estrelas vai demonstrar a Lois e ao planeta que ele é necessário como nunca. E a oportunidade de salvar o Mundo (ou seja, os EUA) surge pelas mãos e cérebro do seu brilhante arqui-inimigo Lex Luthor que planeia construir um novo continente no oceano Atlântico, com uma ajudinha de uns certos cristais kryptonianos. Mas a curiosidade de Lois coloca-a a ela e ao filho em perigo. Será o último filho de Krypton capaz de salvar Metropolis, Lois e Jason das garras da maior mente criminosa de sempre?
A Critica:
Apesar de o filme se iniciar com texto estático, rapidamente surge – como que para assegurar a continuidade em relação a Superman I e II – os familiares créditos da série, com os nomes deslocando-se em alta velocidade pelo espaço povoado de imagens belas de planetas, asteróides, nebulosas e outras maravilhas do espaço profundo. E se no primeiro filme foram utilizadas imagens de macrofotografia, o Super-Homem do século XXI dispõe de imagens criadas por computador. Aliás, todo o visual do filme lembra um upgrade dos cenários, personagens e situações dos filmes anteriores, respeitando o legado admirado por milhões de fãs no mundo inteiro.
Numa cena rápida, o Homem de Aço está de volta à Terra e aos braços da sua mãe adoptiva (essas naves made in Krypton bem que precisavam de rever o sistema de aterragem) e Luthor está de volta aos esquemas maléficos (o homem tem uma obsessão com terrenos), auxiliado por alguns capangas não tão estúpidos como o habitual, pela fortuna herdada de uma velhota em estado terminal (até me arrepiei quando - antes de falecer - ela lhe agradece por lhe ter dado prazeres que desconhecia que existiam. Ugh!) e pelos cristais kryptonianos que roubou da Fortaleza da Solidão (o Super já podia colocar uma fechadura ou alarme, não?). Ainda há tempo para um flashback em Smallville, datado de quando o jovem Clark descobriu que podia voar. Mas assim que Clark regressa a Metropolis e retoma o seu antigo emprego no Daily Planet, toma conhecimento que as coisas mudaram durante os seus cinco anos de ausência. Lois Lane vive com Richard White (sobrinho do editor chefe do jornal) e é mamã de um puto com asma. Luthor foi libertado porque o Super-Homem não compareceu em tribunal para testemunhar. O Jimmy Olsen continua tagarela como sempre, e Lois Lane está a bordo de um avião que carrega no dorso um vaivém espacial (reminiscente da primeira história do Super-Homem na nova fase de John Byrne em 1986) que repentinamente é afectado por uma pequena experiência conduzida por Luthor que causa apagões de energia que danificam os sistemas do vaivém que em segundos vai disparar os motores enquanto ainda está acoplado ao avião de passageiros. Clark muda para o uniforme e voa para impedir o desastre que além de vitimar Lois podia matar centenas ou milhares de pessoas. Nesta cena, o mais difícil, não é acreditar que um homem pode voar e aterrar um avião – porque todas as cenas de voo estão tecnicamente perfeitas e visualmente espectaculares – mas sim, que Lois choque tantas vezes contra as paredes e o tecto da aeronave e escape ilesa sem um arranhão! Depois do salvamento, a frase e atitude do Super-Homem é uma homenagem directa ao simpático Super-Homem de Christopher Reeves, que inúmeros fãs identificam como o melhor intérprete de sempre do herói. Mas é justo dizer que Brandon Routh é bastante competente na interpretação de Clark Kent e Kal-El, conservando os tiques atrapalhados do repórter e manter uma pose heróica natural, entre o divino e o humano. Também Kevin Spacey desempenhou um Lex Luthor mais negro que o desempenhado por Gene Hackman nos filmes anteriores, e que recorre a ajudantes mais interessantes que o habitual, principalmente uma dúbia Kitty Kowalsky (Parker Posey). Também um bom trabalho, e com um papel mais destacado do que estava á espera, desempenhou James Marsden (o Cyclops de X-Men) na figura de Richard White, o eterno noivo de Lois, que se conforma com a paixão de Lois pelo salvador do Mundo, que a mesma repudiou num artigo com que conquistou um prémio Pulitzer. E é precisamente a personagem de Lois a menos credível do elenco, pois apesar de agora ser mãe (desempenhada por uma actriz muito bela. Kate Bosworth), quase não apresenta os traços de uma repórter experiente, e que em apenas alguns momentos demonstra força. Como mencionei anteriormente, todo o filme respeita a mitologia geral do herói e está repleto de pequenas homenagens a anteriores encarnações do Super-Homem em outros meios. Todas as sequências de acção são tecnicamente muito boas, e emocionantes, principalmente o resgate do avião e as cenas de voo, criando uma série de imagens icónicas que certamente vão ficar para o futuro. A banda sonora, a cargo de John Ottman (X-Men II), respeita o trabalho do mestre John Williams, conservando o imortal tema principal e outros igualmente belos criados por Williams para o filme de 1978, expandindo-os e integrando-os numa coerente obra musical com temas da sua autoria. O principal problema da película prende-se com várias falhas de ritmo, causadas por diversas cenas que apesar de importantes para o avançar da história quebram o ritmo da sequência. Mas este não é um filme de acção pura e dura, pois quer reproduzir o drama de um (super) homem que quer reencontrar o seu lugar no mundo, e como tal Brian Singer teve o cuidado de contextualizar os acontecimentos e dar dimensão dramática aos personagens.
Pontos Positivos: O respeito pela mitologia do herói, bons actores, um Luthor mais assustador que o clown de Gene Hackman, uma magnifica Kitty Kowalsky, as diversas cenas de acção, a música.
Pontos Negativos: Um Luthor que pedia mais um par de cenas; uma Lois Lane com pouca convicção, algumas sequências ligeiramente mais longas que o necessário, e para terminar: a maior surpresa do filme, que apesar de corajosa, pode-se revelar no futuro – se não for correctamente manejada – como a pior ideia de sempre em filmes do Super. Mais uma coisinha, senhores que fazem as legendagens: é Krypton, não Cripton.
A Sentença: Um filme muito bom, que decerto fica a ganhar num segundo visionamento, para perceber todas as nuances e homenagens ao maior super-herói de todos os tempos.
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Até hoje (2016), ainda não houve um filme do Superman que me enchesse as medidas. É o meu super-herói favorito, mas no cinema ainda não houve nada 5 estrelas. Mesmo o primeiro com o Reeve, hoje é muito datado. Envelheceu mal. Este Returns está bom senhor. E é como dizes: pedia-se mais Spacey. Senhores da produção: se têm Kevin Spacey no elenco, não tenham problemas em usá-lo!!!!!