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Talvez uma forma de eu tentar explicar qual é a sensação de viver num tempo em que é possível ir ao cinema para ver uma versão em imagem real da Liga da Justiça, seja comparar á espectativa de um fã que vai finalmente conhecer um ídolo. Ás vezes ele é um idiota ou um onanisto-exibicionista em série, ou pode ser o gajo (ou gaja. Igualdade.) mais fixolas do mundo ( ou podes descobrir anos depois que é um onanisto-exibicionista em série. Moral da história: não tenham ídolos). Dai os meus anteriores desapontamentos com o "Man Of Steel" e "Batman V Superman", em que o meu principal problema com eles foi o tratamento da personagem do Super-Homem. Existem décadas de diferentes leituras do Homem de Aço e para minha desilusão as opções escolhidas foram infelizes em alguns momentos. E continuo a achar muito cedo para fazer o arco da "Morte do Super-Homem". Alías, o Honest Trailer da Wonder Woman resumiu muito bem o meu "problema" com os filmes anteriores do DCEU: "Do estúdio conhecido por confundir duração com a profundidade, complexidade com inteligência e deprimidos auto-absorvidos com heroísmo".
Mas voltando à alegoria/metáfora (nunca sei distinguir uma da outra sem consultar o Google) da sensação de conhecer o ídolo: é um gajo porreiro. Diferente do que estávamos á espera, divertido, um bocado bipolar, mas não nos apalpou o cú.

O DCUE passou no teste e continuou o bom trabalho do sobre-valorizado "Wonder Woman".
Sinopse rápida: depois da morte do Super-Homem em batalha contra Doomsday, o Mundo está na merda. Quer dizer, o que é hábito, mas em pior, mais fragilizado e exposto a ameaças externas. Batman e o seu sentimento de culpa procuram montar uma equipa de meta-humanos para fazer frente á próxima invasão extraterrestre. Não é uma história de origem de cada um dos heróis, serve mais para fornecer os motivos para unir uma equipa de diferentes indivíduos em torno de uma ameaça global, na forma de Steppenwolf, um general de Apokolips em desgraça que se quer redimir conquistando o planeta em nome de Darkseid. Mas para assegurar a vitória ele pretende recuperar três artefactos milenares, que quando juntos....adivinharam, podem destruir a Terra.
A primeira metade da fita, precisava de algum polimento, mas é bastante entretida, enquanto o plot vai avançando com poucos solavancos e vamos conhecendo melhor as personalidades dos membros da Liga que só tinham surgido em cameos no "BvS". Ainda há uns dias me queixei dos exércitos de drones fotocopiados, mas os Para-Demónios estão muito bem conseguidos, teria sido interessante se explicassem um pouco melhor a sua criação. A grande surpresa está relacionada com a ressureição do Super-Homem, que felizmente deixou de lado o aspecto messiânico de pacotilha das anteriores, mas foi por um caminho mais...mórbido. Por momentos quase esperava ver surgir no ecrã Buffy de estaca em punho. Tudo o relacionado com o Homem de Aço está mais próximo em estilo ao Super-homem tradicional o que contrasta com a versão de "MoS" e "BvS". E falando em mudanças de comportamento, além da Trindade, o Cyborg também me pareceu dentro do espectável, com o conflito homem-máquina-monstro lá, apenas com pouco tempo para aprofundar. As mudanças mais radicais são as do Flash e Aquaman, mas que funcionam ambos como o comic relief e badass de serviço. Mais bizarras são aquelas cenas que foram filmadas depois de Whedon tomar conta do leme e que obrigaram a retirar o bigode a Henry Cavil com efeitos especiais...Ugh. Tenho lido muitas críticas ao mau CGI do Steppenwolf, mas sinceramente não me pareceu pior que o habitual para blockbusters. Deu-me mais impressão a cara CGI do Super...

A segunda metade é basicamente a segunda metade de "Age of Ultron", mas creio que é um pouco inevitável a comparação com filmes similares, dado o tema "invasão extraterrestre com uma super-arma". O filme tem humor mas sem patetice, mas creio que os ultrafanboys vão ter dificuldade em justificar o amor por este, depois de todo o ódio escrito nos últimos anos sobre a fórmula Marvel. Ou então vão crucificar o Joss Whedon. No entanto, seria interessante ver a versão totalmente Zack Snyder (que como demonstram "Watchmen" e "300" é um realizador excelente quando tem material de origem forte), ou pelo menos com as cenas cortadas e a banda sonora a fazer pandan com a dos anteriores. Mas deu um gostinho especial que o Danny Elfman tenha repescado aqueles pequenos momentos dos temas dos heróis de encarnações anteriores.


O grande problema da película acaba por ser a convivência nem sempre pacífica do trabalho de dois realizadores, e imagino da interferência do estúdio. É um filme bastante agradável, com um elenco carismático e personagens com química entre sí. Senti uma grande alegria em pequenos momentos como a aparição de um Lanterna Verde em acção no flashback da anterior invasão de Steppenwolf. Assim fez valer mais um pouco a pena ter esperado tantas décadas por este filme, que é longe de estar perfeito, sem o apuro visual dos anteriores (e não estou a falar do filtro "default dark") e cenas de acção confusas em certos momentos, mas é um sólido passo em direcção ao futuro do DCEU, se o box office o permitir.

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