Nunca me esquecerei. Diante de um frio de rachar, passava eu por aquelas suaves lâminas de barbear que me percorriam o corpo. Agora a brisa sabia bem, sim, mas em finais de Novembro aquela ventania rasa em nada favorecia os meus órgãos decepcionantes. Seja a forma de Deus congelar o esperma dos jovens para não procriarem ou seja Al Gore com razão, foi um inverno aflitivo e acentuado num Natal tão pouco abastado. E enquanto eu continuava pela Almirante Reis vi a Senhora. A Senhora que viria a mudar o meu papel como cidadão aspirante, qual grumete. Sentada em cartões próprios para cobrirem LCD's, vi esticar sobre o meu caminho uma mão tão roxa, tão gélida. De nariz abatido, os olhos a pouco e pouco foram-me revelados. Tristonhos e sós, um claro passado outrora virtuoso e dona de um futuro promissor até outrem, a Senhora disse-me: "Por favor, uma moedinha que seja! Eu sei que a crise também o afecta e aos seus mas tudo o que peço é uma sandes! Não tenho nada! Nada neste ...