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Tenho lido vários textos que comparam o filme de Zack Snyder com o Inception de Christopher Nolan. E nos primeiros minutos do filme é fácil de compreender o porquê das comparações, visto que ambos decorrem no máximo palco, onde reina a nossa imaginação, o teatro da mente. Mas ao contrário do filme de Nolan e outros de temática semelhante, aqui não são necessárias máquinas ou drogas complicadas, somente um pouco de música e a imaginação do individuo, a derradeira arma contra os abusadores, os corruptos, contra os carcereiros do corpo. Basicamente é esta a mensagem enganadoramente simples do filme, usar a mente para salvar vidas, seja a nossa ou a de outros. 



Para ler a sinopse, clique aqui: "Sucker Punch".
"Sucker Punch - Mundo Surreal" é o primeiro filme de Snyder que não é um remake ou adaptação de material previamente existente. E no entanto, Sucker Punch bebe de uma colossal cascata de influências visuais, literárias e musicais, criando ( se fosse um tipo mais instruído chamaria de  pastiche ) uma mistura de referências (desde anime, filmes de samurais, música psicadélica, etc), mas passadas pelo "filtro Snyder" (quem viu "300" e "Watchmen" sabe o que estou a referir) e projectadas a alta velocidade nas retinas e ouvidos do espectador. Nota-se um grande cuidado a nível de design, cenários e efeitos especiais. Talvez esteja a ficar velho, mas preferia que a música não estivesse tão alta nalgumas sequências. E apesar de as canções serem variadas e omnipresentes no filme, como fio condutor (num sentido inverso do "Non, je ne regrette rien" de Édith Piaf em Inception), a película não é nenhum musical e felizmente não foi montada como um videoclip (quem disser que o filme está editado como um clip da MTV deve ter deixado de ver regularmente a MTV ainda há mais tempo do que eu). As sequências de acção são bem interessantes, transformando tarefas banais em mini-filmes espectaculares. Os tempos mortos de exposição e explicação são mínimos, os actores surpreendentemente competentes na sua maioria,a  banda sonora inclui muitas covers de canções mais ou menos conhecidas, em que destaco as directamente relacionadas com a mente: "White Rabbit"(as aventuras surreais de Alice no País  das Maravilhas, vistos segundo um filtro psicadélico próprio dos anos 60 em que foi tocada pelos Jefferson Airplane), "Tomorrow never knows" (mais rock psicadélico e experimental, desta vez dos The Beatles) e "Sweet Dreams (Are made of this)"( dos Eurythmics, mas que já teve direito a diversas covers). Esta última serve como introdução ao filme e é cantada pela protagonista Emily Browning para ilustrar uma sequência narrativamente económica, a lembrar a emocionante sequência inicial de Watchmen. 
Uma proposta interessante, descomprometida e despretensiosa, que funcionaria melhor se o final não fosse tão anti-climático, mas ainda assim é entretenimento bastante válido.




Ficam aqui as minhas faixas preferidas, conforme surgem no filme:


Sucker Punch - 01 Sweet Dreams (Are Made of this)


Sucker Punch - 03 White Rabbit

Sucker Punch - 06 Tomorrow Never Knows






Tudo o que foi publicado sobre "Sucker Punch - Mundo Surreal" no CINE31: "Sucker Punch - Mundo Surreal" e no Tumblr.

10 comentários até agora:.

  1. Era óbvio o cuidado a nível estético mas o filme é o que tu dizes no fim. Entretenimento.

    Abraço
    Frank and Hall's Stuff

  2. Anónimo says:

    thanks,dude..
    nice movie :)

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  3. :-D Entretenimento e do bom ;-) E acho que este vai ser daqueles que - pelo menos para mim - vai ganhar com futuras visualizações. Foi assim com o 300, por exemplo.

  4. Se não fosse aquele final a dar para o "confuso" e um pouco fora do contexto do filme... este seria um filme que eu ia recordar e ver e rever muitas vezes nos próximos anos.

    Zack parece que quis fazer alguma coisa pelo argumento só mesmo no final do filme... isso nunca era preciso, afinal neste filme sabíamos que não íamos ler Shakespeare.

    Mesmo assim adorei!

  5. Exacto Nuno, já sabíamos que não é Shakespeare, e não é pecado nenhum fazer um filme sem mais pretensões que divertir, ao contrário do que muita gente parece julgar :)

    Vamos ver depois como fica a versão de realizador que vai voltar a meter as cenas de dança cortadas :-D

  6. E só há uns minutos me apercebi que não falei directamente em todo o "fan service", que implica ver mais de meia dúzia de jovenzitas em trajes menores durante o filme todo! São os chamados efeitos especiais ;-)

  7. DiogoF. says:

    Sinceramente, foi uma gigante desilusão em todos os domínios. Esteticamente tens coisas bonitas mas está tão despropositadamente estilizado que se torna uma ridículo. Narrativamente, é uma nódoa do pior (nem falo dos diálogos). Safa-se a premissa e a actriz principal que deixou antever algo que pode vir a confirmar em "The Sleeping Beauty".

    Ou seja, nem como entretenimento.

  8. Diogo: creio que o estilização é proposital, no entanto cada um interpreta como quiser :) como calhou dentro dos meus gostos pessoais para mim não foi excessivo, mas compreendo que para muita gente seja.

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