Breve Reflexão sobre “V for Vendetta” e outros regimes totalitários no cinema

Em suma, uma série de obras literárias e cinematográficas que reflecte a preocupação com a possibilidade de um sociedade eliminar por qualquer meio considerado necessário aqueles que são ou representam uma oposição à sua ideologia de manutenção e perpetuação no poder. Exemplos temos muitos na nossa História do Mundo, e mesmo no presente, pois infelizmente é um tema muito actual, num mundo cada vez mais globalizado, paranóico e controlado por grupos decididos a fazer o que for preciso para favorecer os seus interesses e politicas económicas, sacrificando sem hesitação qualquer forma de resistência às mudanças forçadas e impopulares, a bem é claro da democracia, liberdade (e comércio), mesmo tomando decisões que afectam directamente esses mesmos ideais.
Mas retomando a ideia do primeiro parágrafo, a acção do filme “V for Vendetta” (realizado por James McTeigue e com argumento e co-produção dos irmãos Wachowski, os criadores da saga Matrix) desenrola-se numa Grã-Bretanha totalitária, fascista e fortemente militarizada. As liberdades individuais são fortemente limitadas e tudo é vigiado ao pormenor, de forma a dissuadir e suprimir quaisquer acções não consideradas adequadas. Este estado de inspiração ariana e temente a Deus, eliminou milhares de homossexuais, negros e outras minorias que não se encaixam na visão branca e pura do Mundo. Num reflexo do Terceiro Reich também estão presentes, entre outros elementos, os campos de concentração. É neste pais de elites corruptas e hipócritas que surge “V”, um terrorista na plena acepção da palavra que anseia acordar a população “dormente” e destruir o governo, e para tal, não hesita em atacar à bomba símbolos de poder como as Houses of Parliament (que inclui o famoso BigBen) e Old Bailey. Uma noite, num beco escuro, “V” salva Evey Hammond, uma jovem adolescente que na sua primeira noite no mundo da prostituição teve o azar de esbarrar com os “homens da Lei”, que imediatamente se prontificaram a violá-la. “V” toma Evey como sua protegida e molda-a para que perceba e abrace a sua visão de vingança e liberdade. “V” actua mascarado como Guy Fawkes, um terrorista que no século XVII fracassou em explodir as House of Parliament, fracasso esse ainda hoje celebrado no Reino Unido em 5 de Novembro. Aliás, a estreia da adaptação cinematográfica estava originalmente marcada para 4 de Novembro de 2005, mas devido aos ainda recentes atentados de Junho de 2005 no metro de Londres, foi adiado para Março deste ano. Além da polémica dos que acusam a obra de defender o terrorismo, foi o argumentista da complexa BD original, Alan Moore (autor ainda de “From Hell” , “The League of Extraoridnary Gentlemen” – ambas já convertidas ao grande ecran, e “Watchmen”, actualmente em produção) que teceu duras criticas às alterações introduzidas no argumento. Por outro lado, o desenhador da BD em questão – David Lloyd – defende o trabalho dos Wachowski e McTeigue, considerando que mantiveram a essência, mas adicionado um cunho pessoal. Já durante a rodagem o intérprete de “V”, Jamos Puredoy foi substituído por Hugo Weaving (o agente Smith da trilogia Matrix) para acompanhar Natalie Portman (Evey). A verdade é que, o problema não foi muito grande, visto que – tal como na graphic novel – “V” nunca retira a máscara com as feições de Guy Fawkes. Enfim promete uma mistura explosiva de acção a la Matrix, assuntos polémicos e emoções fortes.
Estreia em Portugal dia 23 de Março, esta quinta feira. Estou ansioso para o assistir e no entanto um pouco receoso, apesar de ter lido na Net comentários de pessoas que já assistiram e de ter lido há cerca de um mês a BD original e realmente é fenomenal. Mais uns dias e poderei postar aqui a minha opinião sobre “V for Vendetta”. Se forem ver e quiserem que publique uma critica de vossa autoria sobre este ou qualquer outro filme, actual ou não – enviem um mail para prometheus31@hotmail.com e no assunto escrevam: “Criticas para Cine31”.
Se tiverem conhecimento de alguns filmes ou ideias relevantes que possa acrescentar a este post é só enviarem um mail para prometheus31@hotmail.com com "Cine31" no assunto.
ResponderEliminarAcrescentaria o BRASIL (1985), do Terry Gilliam). Ou BLADE RUNNER, que demonstra uma sociedade quase totalitária dominada pelas grandes empresas...
ResponderEliminarMas acredito que existam muitos mais exemplos. É puxar pela memória...
Abraço.
Bem notado Samuel! Mas na altura que escrevi o artigo, ainda não tinha visto o Brasil. E já vi o Blade Runner há tantos anos que nem me lembrei desse aspecto das corporações. No Robocop também tínhamos a OCP, podíamos continuar por ai...
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