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“Respiro” e “A Noite”
Como tem sido habitual desde o início deste ciclo de cinema, a longa-metragem desta semana foi precedida de uma curta-metragem nacional, “A Noite”. Esta semana o convidado (ao contrário das duas semanas anteriores só estava programado um) Bruno Silva fez uma breve introdução aos filmes a serem visionados: a mencionada curta-metragem de animação, seguida pelo polémico documentário “Fahrenheit 9/11” (2004, de Michael Moore) que se propõe analisar a administração Bush e as suas acções na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
“A Noite” (de Regina Pessoa, 1999, com a duração de 6 minutos), servindo-se de um estilo peculiar consegue retratar habilmente a relação entre a solidão e a escuridão, pelos olhos de uma criança. Nem só monstros se escondem no escuro.
A surpresa da noite veio a seguir quando se ia iniciar a exibição do filme de Michael Moore, e em lugar de imagens do Iraque ou do presidente americano são projectadas imagens familiares para quem já tinha visto o trailer de Respiro. Depois de alguns minutos a projecção foi interrompida para um pedido de desculpas. Existira uma troca de bobines e o “Fahrenheit 9/11” será exibido dia 20 de Maio, e prosseguiria a exibição de “Respiro”. E assim foi.
“Respiro” data de 2002, e esta premiada co-produção italiana e francesa (quando foi exibido em Cannes 2002 obteve o Grande Prémio da Semana internacional da Critica, o Prémio do Público e o Prémio da Crítica Jovem) - a segunda longa-metragem do realizador Emanuele Crialese - conseguiu criar momentos divertidos e dramáticos, equilibrados, que usou para contar uma história simples, de gente simples, mas com mais do parece à primeira vista. A narrativa decorre numa vila italiana de gente pobre que vive do mar, e centra-se na história de Grazia, casada com um pescador, mãe de uma rapariga/mulher e de dois rapazes. Grazia, que trabalha numa fábrica a empacotar peixe, não é compreendida por aqueles que a rodeiam, que estranham os comportamentos extremos desta, que balança entre momentos de profunda alegria e de profunda tristeza. Acompanhamos ainda as tropelias dos filhos mais novos com as outras crianças da vila, e ainda a ligação da filha Marinela com um jovem polícia inexperiente (a história de ambos talvez pudesse ter sido mais aproveitada, embora creio que fosse afastar a atenção do ponto fulcral da narrativa). Grazia e o filho Pasquale tomam algumas atitudes que vão evoluindo dramaticamente e que mudam o rumo da história em direcção a um final aquático deslumbrante, que sintetiza toda a relação do filme e das pessoas com o mar. Uma película com uma fotografia, sonoridade e localizações belíssimas, com imagens quase de postais mas com um toque real e de quotidiano. Um daqueles filmes que me fazem ter saudades do que nunca vivi, que nos tornam parte do cenário, da vida das personagens. Deixa a vontade de rever imediatamente. Ah, aquela musica que toca na rádio de Grazia!
Michael Moore que me perdoe, mas felizmente que as bobines foram trocadas!

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