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"Cidade de Deus" e "A Suspeita"

Decorreu ontem (dia 29 de Abril) a abertura do 1º Ciclo de Cinema Olhão’05, organizada pelo CineClube de Olhão e pela Câmara Municipal de Olhão (CMO). O local escolhido para este evento foi o Cinalgarve, que pela hora marcada para o início da exibição (21:30) estava praticamente preenchido (creio que muitos dos espectadores foram atraídos pelo facto da entrada ser gratuita.).
Como apaixonado pela sétima arte julgo que é de saudar esta e outras futuras (espero) iniciativas do género.

A noite começou com umas breves palavras do representante da CMO e agradecimentos aos que tornaram o evento possível. Em seguida tomam a palavra os convidados para partilhar os seus conhecimentos e experiências sobre a longa-metragem “Cidade de Deus” e a curta “A Suspeita”. Primeiro falou a Professora Miriam Tavares, acerca da película de Fernando Meirelles e do seu impacto e contexto cultural e social no Brasil actual (quatro nomeações para os Óscares), dominado por cineastas jovens, ágeis no manuseamento de equipamentos e técnicas high-tech postos ao serviço de histórias humanas. O convidado seguinte a conversar com o público, sobre a curta “A Suspeita” (galardoada com o Cartoon d’Or 2000) foi o próprio realizador: José Miguel Ribeiro, que se fez acompanhar de um dos “actores”, o revisor, um boneco com um esqueleto de metal articulado coberto por espuma de látex. O jovem realizador demonstrou perante o público, em versão abreviada e simplificada, obviamente, como se dá vida a estes personagens, criando a ilusão de movimento. E de seguida passou-se à exibição das películas propriamente ditas, primeiro “A Suspeita” e depois “Cidade de Deus”.

“A Suspeita” é uma animação de volumes, tecnicamente irrepreensível e que apresenta uma história de suspense e humor desenrolada num compartimento de um comboio bem português e com um punhado de personagens caricatas que mantêm o ritmo narrativo.

“Cidade de Deus”. Bem, por onde começar? Um filme brutal e no entanto capaz de momentos hilariantes, dominado por uma montagem frenética, uma fotografia extraordinária, excelente trabalho musical, sonoro e de actores. Uma obra da técnica e ritmo. E com uma história, porque Meirelles narra, recorrendo a uma voz-off e inúmeros flash-backs, a evolução (ou involução) da vida na zona miserável conhecida por Cidade de Deus, onde a violência e o egoísmo imperam, onde a vida humana não vale mais que a de qualquer outro animal, e onde a sordidez das acções humanas espera por qualquer incentivo para ser libertada e despejada sobre outros seres humanos, numa espiral de interesses, e violência que gera somente mais violência, uma zona de guerra interminável. A questão que me fica gravada na mente, depois de ver este filme extraordinário e corajoso, é: será que esta insanidade um dia chegará ao fim? - seja na favela ou no Médio Oriente. Não tenho esperança nisso.

Um dos aspectos negativos deste primeiro dia (noite) do Ciclo de Cinema tenho apenas a apontar o comportamento de alguns elementos do público, que se esquecem de desligar o som do telemóvel (ou será que se preocuparam com isso sequer?) e que não souberam guardar silêncio nos momentos apropriados. Embaraçoso e lamentável.
Gostei de assistir no intervalo ao realizador de “A Suspeita” a partilhar conhecimentos e conselhos com um grupo de interessados.

Assim posso resumir que o resultado global foi muito positivo, uma boa e estimulante experiência para quem gosta de cinema e de ir ao cinema.

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