Eu vou ser muito sincero: nunca me interessei pelos filmes do Rocky até à chegada deste. Mas também verdade seja dita eu só vejo filmes do Batman por isso podem mais ou menos perceber a minha mentalidade cinéfila.
Talvez em 2009 tudo tenha mudado quando vi unicamente um clip deste filme, sendo que muitos devem conhecer ou até mesmo prever facilmente o que eu vou partilhar armando-se em fanfarrões apesar de não ser um feito especial pois o vídeo em questão não está assim tão abaixo desta última frase pelo que não são inteligentes mas sim portadores de uma visão periférica decente:
Foi aqui que me apercebi que os filmes do Rocky são mais do que lutas de boxe, são filmes emocionais.
Ou pelo menos a maioria deles.
Alguns.
Três.
A velha conversa das "re-visitas" aos filmes preservados pela nostalgia dita que esse simples acto é uma abominação e uma das três razões que levam à eventual queda de Hollywood, sendo as outras duas razões o interesse maioritariamente financeiro nas produções e continuarem a dar trabalho ao Kevin James. Mas neste Rocky Balboa, ou "Rocky VI" para os amigos, não só resulta como o regresso é perfeitamente justificado, ainda que seja estupidamente posto de parte pelo mesmo motivo dos filmes The Expendables: "o Stallone está demasiado velho" (nem fez um mês que me disseram isto). A ideia de ambos os filmes é precisamente essa, a idade não impedir de continuar e se num é onde está toda a piada, noutro é o principal tema.
O sexto filme ignora completamente a existência do Rocky V, tal como o próprio Stallone que o detestou. Assim, uma boa parte da história passa por relembrar os momentos mais marcantes para a personagem. Rocky começa o filme a visitar os lugares onde passou momentos marcantes com a sua falecida esposa Adrian, espreitando pela montra da sua antiga loja de animais e visitando o antigo local onde patinaram no gelo, agora não passando de ruínas. É então que o seu cunhado Paulie (com o regresso de Burt Young ao papel) revolta-se chamando-o à atenção de não conseguir deixar de viver no passado. Normalmente essas cenas acontecem em montagens a meio de um filme pois é difícil a audiência ficar emocionada quando ainda está a escolher as legendas e a acertar as colunas do 5.1. Mas aqui resulta não só por já ser o sexto filme (ou.. quinto?) como há um verdadeiro intervalo de tempo desde o último, pelo que a sensação de nostalgia é genuinamente acentuada.
"A ver se a seguir faço o Judge Dredd 2 para recordar os sítios onde devia ter decapitado o Rob Schneider. Yep. Todos os 48 sítios." |
"Gonna breathe nooooooooooooooow!" |
É altura de falar sobre o combate do filme e, consequentemente, do adversário, Mason Dixon. O problema que eu comecei a ter com "os Rocky" a partir do 2 foram precisamente os vilões. Cada vez mais fortes, cada vez mais exagerados. No Rocky IV era já como ver uma das sagas do Dragon Ball. Os combates foram sempre divertidos e entusiasmantes, sim, e com tanto filme é natural que o adversário seja cada vez mais difícil havendo sempre o tema recorrente de a motivação ser superior à habilidade. Mas por mais altos que fossem os momentos de combate, a personalidade desses adversários já saía mais como caricaturas "cartoonescas". Isso não acontece aqui. Dixon é arrogante e com um forte ego mas não deixa de mostrar um enorme respeito pelo adversário e pela competição. O combate é para ser justo e para ganhar o melhor. Temos assim um vilão muito mais tridimensional e mais facilmente relacionável quase ao ponto de nem se quer ser um vilão. E no fundo não é. A sua história tem muita exposição ao longo do filme mas vemos que ele próprio também é alvo de conflitos com as entidades responsáveis pelos seus combates e por mais arrogância que mostre, é o típico comportamento de "puto". Isso é evidenciado quando na conferência de imprensa o Rocky não liga nenhuma aos comentários dos jornalistas que põe em causa a sua credibilidade enquanto que Dixon levanta-se logo face aos mesmos comentários não admitindo essa falta de respeito.
"Quem me critica que venha dizer isso no ringue! Uwe Boll teria orgulho!" |
O filme é emocionante do principio ao fim, sendo uma fantástica homenagem ao melhor da saga e com uma história própria que volta às raízes básicas, humildes e de pés acentes na terra. Se forem fãs da saga eu recomendo vivamente que dêem uma oportunidade a este, juro que não se irão arrepender! Pode não ficar muito bem na prateleira junto das sequelas numeradas, mas é um filme que merece, tal como o próprio Rocky, uma oportunidade pois é constantemente ignorado. Eu tentei com este texto dar-lhe mais um pouco de atenção, a meu ver, merecida mas sei que é impossível o meu texto lhe fazer justiça, até porque não toquei nem em metade da história. Vou dizer que foi para não vos estragar surpresas mas todos sabemos que é por eu ser preguiçoso a escrever. E no caso de se arrependerem de ver o filme... também ninguém vos manda confiar num gajo que não conhecem de lado nenhum. Eu nem se quer percebo nada de cinema!
Tive que ir ver na Wikipedia quem era o Kevin James. O único Rocky que tive a "sorte" de ver foi precisamente o Rocky V, fiquei sem vontade de ver os outros apesar de toda a gente dizer que são melhores...
Eu gosto de algumas coisas no Rocky V mas dá para entender perfeitamente o porquê de o Stallone odiar tanto, tem as morais todas trocadas.
Quem me conhece sabe que sou um "stallonista" (acabei de inventar)... é o meu actor favorito. Não acho que seja o melhor, mas é subvalorizado por uma maioria (actualmente)... Se houve tempos (quando estreou o 1º Rocky) que era apelidado do "novo-De Niro", hoje é quase "enxovalhado" pela crítica. É certo que muitas vezes se pôs a jeito (D-Tox?? Driven???? Spy Kids 3???), mas qual foi o actor que não se pôs a jeito? Eu continuo a acreditar no seu talento. Não sendo o melhor actor do mundo, já deu provas mais que suficientes que não é (era) apenas monte de músculos, como por exemplo o rival Schwarzzie... Se o Rocky não chega, se o Rambo 1 (drama) não chega, se o Copland não chega, então não sei o que poderá chegar. Este último Rocky é quase uma auto-biografia do actor... e está feito de uma forma tão inocente que damos por nós a emocionarmo-nos com cenas como a do "discurso" ao filho ou a Marie. Um filme que não é daqueles dramas pretenciosos a piscar olhos a prémios... Não preciso e Stallone não se preocupa com isso! Nem sei se ganhou algum prémio (consultar imdb), mas também não precisa... Foi daqueles que não tive qualquer problema em dizer: este é dos melhores filmes deste século e sem dúvida o melhor de 2006. Deve haver um daqueles dramas do Irão ou asiático que deve ser melhor para os verdadeiros críticos e "opinion makers".... Para mim foi este!
Fizeste a melhor análise de sempre João Bastos. Concordo totalmente!
de moral. o melhores filmes q ja assistir são os do 6 filmes do Rocky.