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- SPOILERS -


Dear Mr. Snyder:

Se a primeira sequência do filme não fosse um sonho, juro que tinha saído da sala. Talvez o senhor não tenha recebido o memorando a recordar que a origem do Batman é das mais conhecidas do planeta.... Valeu apenas por terem metido o Comedian na cena, mas o que se segue não é nenhum Watchmen... E nem tinha que ser, mas para um filme com a ambição de estabelecer o Universo Cinemático da DC Comics ficou muito aquém....

Li para ai em entrevistas que é fã da banda desenhada, que fez um filme para os fãs da banda desenhada. Porra, só se for das mais fracas da recente reformulação da DC Comics que também fez muita merda com o Super-Homem. A ânsia de "modernizar" à custa da essência de um personagem construído ao longo de oito décadas para agradar a um certo tipo de público de blockbusters pode compensar na boxoffice mas estraga a "marca"1. Há muita gente convencida que o mundo contemporâneo não tolera ou acha desinteressante um herói "bonzinho" e com princípios. Mas basta ver o que a concorrente Marvel fez com o Capitão América. Um homem fora do seu tempo, com "valores", sem ser um tótó ou um bully. A obsessão bacoca de retratar o Super-Homem como o Messias só tem produzido cenas de bosta (vide Man Of Steel). Por contraste, a mitológica Wonder Woman não podia ter uma abordagem mais diferente, e que funcionou como um dos melhores elementos da fita. O Batman da luta do armazém - antes da luta final - é o melhor Batman em imagem real até ao momento, dou o braço a torcer, o Batffleck está muito bem ao longo do filme, ainda que em cenas desconexas, desnecessárias e com certos frases de efeito risíveis, que me entraram por um ouvido e saíram pelo outro mais rápido que o Flash.. E falando nisso, aqueles cameos do Flash, Aquaman e Cyborg deram um cringe daqueles de revoltar o estômago. Tecnicamente tenho pouco a apontar, bons efeitos especiais, principalmente à luz do dia em Metropolis. A edição necessitava de bastantes ajustes, mas o meu grande problema é o argumento, que consegue a momentos ser arrastado como no seguinte esquizofrénico.
Seguindo a tradição dos comics, primeiro os heróis encontram-se, por mal entendidos lutam e depois kumbaya e combatem o inimigo comum. Neste caso, a versão mais irritante do Lex Luthor (sim ainda mais que o do Gene Hackman) com óbvios problemas mentais e daddy issues ( dá para perceber na 20ª vez que ele menciona o pai) que odeia o Super-Homem e toda a gente porque...sim? Mas como não ia durar 2 milésimos de segundo em confronto com o Super, o Dr. Lex Frankenstein - depois de ter acesso ilimitado ao arquivo que contém o conhecimento de 100.000 civilização extraterrestres - cria o seu próprio monstro: Doomsday, o famoso monstro que matou o Super-Homem na BD o inicio dos anos 90, um acontecimento que até mereceu destaque em noticiários por todo o Mundo. Cumpre o seu papel de besta imparável que requer um grande sacrifício para a neutralizar...
E aquele final...apreciei as referências ao "Dark Knight Returns" e "Morte do Super-Homem", mas o senhor ou o seu argumentista podiam ter arranjado outra motivação para a formação dos Avengers da Liga da Justiça. Estava à espera a todo o momento que o Super-Homem saltasse do caixão e gritasse: "Brincadeira!!!!"
Deixei de ver um ou dois episódios do Daredevil para ir ao cinema e sair zangado. Acho que isso já não me acontecia desde que fui ver o "Double Dragon" nos anos 90.
Lembrei-me agora que escrevi isto tudo em português. Portanto a não ser que o Sr. Snyder costume passar férias em Albufeira, vou traduzir: F*ck You! F*ck you and your producers! I hope you choke on the tons of money the public is going to spend

Best Regards,

Cine31

1) - Acredito que versões radicalmente distantes de personagens já estabelecidos são interessantes, em histórias como What if... ou Elseworlds, mas precisamente porque apresenta uma visão alternativa de um personagem ou acontecimentos que conhecemos bem e que podemos comparar. Este novo universo da DC Comics no cinema estabelece logo de inicio um Super-Homem desligado das suas raízes. E recordo que na época trocei dos profetas da desgraça que previram a influência de Christopher Nolan nos filmes de heróis como o catalisador para uma leva de filme supostamente "sérios" (supostamente mais "adultos" mas na realidade superficiais), mas apenas arrogantes e aborrecidos, pelas mãos de realizadores/produtores/argumentistas que apesar de se declararem fãs do meio não compreendem a nona arte nem os personagens ou temas que a habitam... Felizmente, no geral, a Marvel conseguiu contornar essa armadilha.

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