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 Vou tentar não parecer muito redundante, por muito que seja a minha 'trademark', mas desde um certo filme que estreou em 2012 que eu não me vejo entusiasmado pela estreia de outro filme. Fiz um esforço para me entusiasmar pelo Hobbit- o que acabou por valer imensa pena - mas o único filme que me deu genuinamente algum interesse foi o Django. Adoro, no geral, os filmes e estilo do Tarantino, amo tanto quanto a minha própria mãe o Christoph Waltz e sendo um enorme fã do DiCaprio eu mal podia esperar por o ver a fazer de vilão!

 E eis que finalmente vi o filme...




 É daqueles casos bizarros em que é um filme bom mas deixou-me tremendamente desapontado...


Tarantino disse numa entrevista, respondendo a quem não gosta muito dos seus filmes, "Talvez eu não esteja a fazer filmes para si então."  (foi mais ou menos assim, não sei, vi ao calhas no Facebook). Eu adorei a resposta, ainda que seja discutível mas francamente ele tem razão para o meu caso. Não sou grande fã de 'westerns', confesso. Já gostei de uma coisa ou de outra como o remake do True Grit mas acho que aprecio mais os toques 'westerns' em estilos mais modernos. Não sei se fiz algum sentido mas não tenho que fazer, estou na internet. Portanto não apanhei referências ao género o que, lendo pela internet, há bastantes. Ainda assim, este foi o primeiro que me despertou a atenção e penso que, como muitos, estava curioso, até salivando um pouco, para ver o Quentin Tarantino neste estilo. Bem, já devia ter aprendido que Tarantino não entra em estilos, ele é o estilo. Infelizmente, é uma das minhas queixas ao filme mas já lá vamos. De qualquer forma anuncio já que irei falar disso de forma a prender o leitor a este texto pois a minha opinião é sempre importante e educativa.


 Se há coisa que Tarantino sabe fazer é apresentar personagens. E que inicio...


 Christoph Waltz foi um enorme achado. Uma gema europeia que não me cansa de ver em Hollywood. É daqueles actores que não dá para parar de ver e esperar ansiosamente para o que vai dizer ou fazer a seguir, tal como Christopher Walken. O carisma é imenso e sobressaí-se perante outros actores ao ponto de dar vontade de nos levantarmos e virar a câmara para ele, que se lixe com quem ele está a falar!

Dr. King Schultz é provavelmente a minha personagem favorita do filme mas Calvin Candie também não fica nada atrás.



 Demora a chegar mas quando chegamos a ele, DiCaprio não desaponta. Calvin Candie inicialmente parece ser mais um mero snob como os que temos conhecido até agora, deslocados sobre o respeito perante a etnia africana. Não sabemos ainda o que esperar dele, além de ser o DiCaprio a actuar o que é sempre fascinante mas temos o Christoph Waltz connosco por isso vamos atrás dele. Mas é quando começamos a ver os pequenos sinais de quão maléfico pode este Calvin Candie ser que começamos a imaginar o seu potencial. E quando finalmente a bolha estoira, DiCaprio foi brilhante. Sem dúvida a melhor cena do filme, remota a Inglourious Basterds, onde, a meu ver, DiCaprio supera Waltz ao ponto de o esquecermos por minutos. Isso.. é impressionante...  Mas entretanto Waltz volta a roubar o show e não lhe larga.


 Depois temos o nosso companheiro que regressa finalmente ao seu lar, Samuel L. Jackson.


A sua personagem é de partir o côco a rir (o que por si só é já uma forma impressionante de partir um côco). Não só por ser, bem, Samuel L. Jackson mas por não me parecer coecidência que Jackson esteja a fazer de velho a cair para todos os lados mas continuando a meter a palavra "ass" em todas as frases. é como dizer: "Bem-vindo de volta amigo!"

 Devem ter notado que ainda não falei do protagonista, o próprio Django. Bem, isso é porque não me deixou impacto nenhum. Tem duas, talvez três ou quatro one-liners boas mas no geral deixa a desejar. Não culpo o Jamie Foxx, está óptimo na personagem, mas o problema está em como esta foi escrita. E por falar no Django, é em torno dele que reside, tecnicamente, o meu maior problema com o filme. AVISO DE POSSIVEL SPOILER.
 A vingança de Django, que se dá no final do filme, é fraquíssima. De forma a evitar 'spoilers' maiores não vou contar a que me refiro exactamente. A questão é: ao longo do filme vemos imagens horríveis do sofrimento dos africanos/afro-americanos o que, esperando que entendam o que quero dizer mas pedindo desculpa por como vai soar, é fantástico e formam das melhores cenas do filme pois a intensidade é elevada e provoca um desgosto sério sobre o que o ser humano foi capaz nesta época ao ponto de nos fazer sentir desconfortáveis com o que estamos a ver. Também a mulher do Django é constantemente vista a ser alvo de tortura o que tem um enorme impacto na personagem, obviamente. Ora, posto isto, Tarantino deve à audiência uma vingança mais que satisfatória após tudo o que vimos (e ouvimos). Mas optou por fazer um 'showdown' que embora divertido pareceu meio transloucado. Há uma cena lá para os inícios do filme em que Django chicoteia brutalmente um homem que bem mereceu e foi fantástico de se ver, era assim que eu queria que o filme fosse, com o Django a vingar-se do que lhe aconteceu e em nome do seu povo. Mas não. Além do gosto a potencial desperdiçado, nem parece do Tarantino deixar escapar uma vingança magnífica.
Peca, também, por ter vários momentos previsíveis, ainda que aceitáveis até certo ponto, como o 'cameo' do próprio Tarantino que foi perfeito.

 Também a montagem deixa algo a desejar por vezes. É bem conhecido o seu estilo de edição.. peculiar mas enquanto que os filmes do Aronofsky têm uma montagem esquisita mas de alguma forma concisa, neste Django Unchained a edição parece ser, em dadas alturas, incoerente, como se em momentos fosse demasiado "Tarantino" após imenso tempo sem ser "Tarantino". E enquanto que eu costumo achar graça à banda-sonora dos seus filmes, nesta só gostei de uma ou duas. Há uma que começa muito bem mas acaba por ser um rap piroso. Houve outra em particular que parece ter sido retirada do CD NOW 1029 ou assim.


 Mas apesar da minha decepção, ainda o considero um bom filme. Arrisca imenso, só não arrisca tanto quanto eu queria e esperava. Mas Christoph Waltz é brilhante e DiCaprio volta a surpreender. O argumento tem, de vez em quando, conversas soberbas. Não acho que perdem nada em ver o filme e pode ser até que o adorem mas, para mim, fica muito aquém dos meus favoritos deste senhor. Certamente longe do Inglourious Basterds.

 Destaco a cena das máscaras "white-power" pois é das coisas mais engraçadas que vi nos últimos tempos. Mas também não tenho visto nada, só estudado para ver se serei alguém na vida pois no Facebook ninguém aceita os meus pedidos de amizade.



One Response so far.

  1. Eu gostei bastante do filme, principalmente porque funde dois géneros que bastante gosto, o Western e o "remake/homenagem Tarantina" pelo que só queria aqui recordar um pequeno detalhe na questão da edição do filme... como é sabido infelizmente a montadora habitual do Tarantino, Sally Menke, faleceu antes da rodagem do Django e isso fez com que um novo montador entrasse, o Fred Raskin... não sei o quanto este facto não acabou por pesar na qualidade final do filme mas quase de certeza que se a Sally ainda estivesse à frente do leme as coisas ainda podiam ter sido melhores!

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