texto original em girl on film
Reza a lenda que um "bang-bang à italiana" deve ter composições cuidadas de imagens, uso de técnicas radicais e sofisticadas e bandas sonoras inovadoras.Ora bem - sobre o filme em causa - CHECK!
Malvado homem. É difícil ser-se perfeito mais do que uma vez, mas não é que o estupor conseguiu.
Em Django, temos um Tarantino com diálogos à Reservoir Dogs, com a estética e sonoridade de Pulp Fiction, sangue em doses industriais como o imenso From Dusk Till Dawn e o recuo na História da Homem como em Inglourious Basterds.
Quando acabei de ver o filme, comentei - que não me divertia assim a ver um filme há muito tempo, e sobretudo que não via um filme com um sorriso permanente nos lábios, há séculos.
Este Django tem como fonte inspiradora o filme Django (1966 / Sergio Corbucci) e recebeu cinco indicações ao Óscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Actor Secundário (Christoph Waltz), Melhor Argumento Original, Montagem de Som e Fotografia.
Aqueles que pensam ir ver um filme sério e "by the book", esqueçam. É um filme com diálogos loucos e por vezes disléxicos, personagens esquizofrénicas banda sonora extraordinária e momentos dignos de um orgasmo sob efeito de cocaína. É claro que não chega ser um bom realizador e argumentista óptimo para o sucesso, tinha que existir um elenco que ultrapassa a normalidade do exímio e que está no patamar do genial - com excepção de Kerry Washington - peço desculpa aos fãs - mas não lhe acho piada alguma, pois nada acrescenta ao filme a não ser aquelas "boquinhas" e "tiques" iguais a Olivia Pope (referencia à série Scandal, em que a actriz em causa é a personagem principal).
O filme conta a história de Django (Jamie Foxx), um escravo que é (mais ou menos) vendido a um dentista que afinal é um caçador de recompensas alemão - Dr. King Schultz (Christoph Waltz). É que Django conhece bem os "alvos a aniquilar" - os irmãos Brittle. A dupla funciona tão bem que o alemão dá a liberdade ao escravo e ainda o convida para trabalhar com ele. Django e Schultz foram uma dupla imbatível de caça aos criminosos mais procurados da zona. A pontaria e agilidade de Django tornam-se perfeitas e depois de muitos mortos e recompensas ganhas, Django e Schultz decidem ir à procura da mulher de Django - Broomhilda (Kerry Washington), que havia sido vendida há algum tempo atrás.
Esta decisão leva-os a "Candyland" - a propriedade de Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), um mercador / comerciante de escravos e fabricante de lutadores de Mandinga (uma espécie de capoeira harcore). Django e Schultz fingem ser também eles mercadores de escravos para a violenta luta, mas este disfarce ganha um entrave difícil de ultrapassar - Stephen (Samuel L. Jackson). O escravo de confiança de Candie, um preto mais racista que muitos brancos. Este desconfiado homem depressa percebe que as intenções de Django e de Schultz não passam pela compra de lutadores, mas sim por Broomhilda. Expostos à verdade, os dois caçadores de recompensas são obrigados a comprar a escrava por uma quantia avultada. E a partir deste momento - tendo em conta que falamos de um filme de Quentin Tarantino, nada é tão simples assim e o show começa... E é digno de ser visto e não contado por escrito.
Só mais uma breve nota sobre momentos absolutamente deliciosos do filme
- O inicio e apresentação do Dr.King Schultz;
- O cameo de Franco Nero;
- A cena em que Leonardo DiCaprio corta a mão de forma inesperada e assim fica no filme.
Mas, nenhum dos momentos citados bate a genialidade desta cena:
Nota extra: Quentin Tarantino é péssimo como actor e não me importava de ter tido mais uns minutos de Don Johnson.
Direi apenas isto: não gostei da cena dos KKK.
Ou melhor dizendo, gostei, achei-lhe piada e tudo o mais.
Mas convenhamos, é uma cena inútil que nada acrescenta à história, sendo aliás sintomática de alguma desorientação de Tarantino, que se perdeu (um bocadinho apenas) na história que queria contar.
É a ideia com que fiquei...
De resto, grande filme ;)
mas acho que é ai que está a piada e critica social implícita. é que bem espremido o tema central do filme é a escravatura e o Ku Klux Klan faz parte dessa mesma história, no que aos EUA diz respeito. É humor, mas é uma critica histórica e social "very Monty Python"
Inútil não é porque me fartei de rir com ela. Surge num tom distinto, parece um ovni no filme, de certa forma. Mas, eu gostei :)
Delicioso, como dizes, é de ficar entretido as duas horas e tal sem qualquer tipo de esforço. Depois tem um par, não, vários pares, de cenas do outro mundo, seja por causa das interpretações, seja pelos diálogos escritos exemplarmente. E a banda sonora já é disco viciado aqui em casa :P
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
Quero ver esse filme ainda