Creio que toda a gente já passou por aquele momento em que sabe da noticia bombástica: um dos seus filmes favoritos vai ser alvo de um remake/reboot/re-imaginação/prequela (riscar o que não interessa). O choque inicial, a fase de negação e o subsequente ataque de fúria contra os estúdios de Hollywood e os depravados produtores que só querem facturar milhões para o torrar todo em droga e gigolos. Apesar da minha habitual tolerância a noticias do género, quando soube que o "Total Recall" ( "Desafio Total" para os tugas, "O Vingador do Futuro" para o outro lado do Atlântico) ia ter uma nova versão, passei por todas essas fases. Tenho um carinho muito grande (mas um carinho viril) pelo "original". Sosseguei um pouco quando soube que um momento mítico do filme de 1990 ia ser reproduzido, no fundo uma prenda para acalmar os fãs, na forma de uma prostituta de três seios [ver aqui]. Baixei as expectativas, e depois do filme visto, posso dizer que fui agradavelmente surpreendido ( e também fiquei com vontade de ver a série "Total Recall 2070" (1999)).
Como ainda não li o conto "We Can Remember It for You Wholesale" (1966), de Philip K. Dick (de que aconselho os livros "Depois da Bomba" e "Ubik" ) que lhe deu origem, e portanto não sei em que grau, esta versão de 2012 é um remake do filme de 1990 ou re-imaginação do conto, ou um pouco de tudo. No entanto, é um facto que existem imensos pontos em comum com o filme protagonizado por Schwarzenegger, mas sem dar a sensação que estamos a ver a mesma fita, apenas com melhores efeitos. Bem esgalhado o conceito das duas nações sobreviventes, unidas por um "cordão umbilical"/transporte, e que substituiu eficazmente o plot de Marte. Além disso, a Jessica Biel é mais jeitosa que a Rachel Ticotin. Habitualmente não suporto o Colin Farrel, mas (e apesar de não ter um fragmento do carisma de Arnold Schwarzenegger) dá um Douglas Quaid bastante razoável. Apesar de se levar a sério demais, é um bom filme pipoca.
E vão ler a crítica do Bruno, que está bem melhor que a minha: "Total Recall - Bruno" Mas não lhe digam que eu disse isso!
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