Este "Prometheus" prometia muito mais, desculpem o óbvio trocadilho. O ansiado regresso de Ridley Scott a território de sci-fi não consegui claramente sobreviver ao hype, mas independentemente desses factores externos, o filme tem bastantes falhas que impedem que seja uma obra completamente satisfatória. (Daqui para a frente não vou mencionar nenhum spoiler que não esteja já presente nos trailer de promoção, que na minha opinião até revelaram demais). Gostei de todos os aspectos arqueológicos e tecnológicos, das questões e teorias sugeridas, não em palavras mas pelas descobertas em si. Os efeitos especiais também estão impecáveis, tecnicamente tudo bem, gostava de o ter visto no grande ecrã. Os actores safam-se razoavelmente, especialmente Fassbender, mas como espectador não consegui criar empatia com nenhuma personagem além do robot. Com um trilhão gasto na missão, a Weyland Industries acertou em cheio ao escolher os profissionais mais ineptos e, bem, pouco profissionais da história da ficção cientifica para explorar um planeta desconhecido. Avançar a acção do filme à custa da idiotice dos personagens fica bem numa comédia, desculpa-se num slasher, mas num filme que começa como um aventura de exploração espacial? Por favor.... Percebo que o realizador queria fugir ao ambiente opressivo do primeiro "Alien" (exceptuando alguns paralelos óbvios), para não se repetir, mas se calhar podia ter jogado pelo seguro. Dito isto, gostei de ver conceitos pouco explorados em cinema (ao lado de outros que se tornaram quotidianos, como a hibernação em viagens longas, etc) como a "meia-vida" (quem leu o "Ubik" de Philip K. Dick vai ter uma surpresa que estraga uma revelação mais à frente no filme) ou as ainda populares "teorias" dos deuses-astronautas, indiciadas logo no título (reparem nas referências às linhas de Nasca). A película herdou o nome da nave humana, que por sua vez, o herdou do mítico titã que desafiou os deuses para fazer avançar a raça humana. Muito interessante ver retomado no grande ecrã a ideia de que a vida na Terra poderá ter uma origem exterior, mas ao mesmo tempo é um pouco decepcionante ver o simbolismo reduzido aos simplórios conceitos de criador/deus e as óbvias analogias com as religiões mainstream actuais, ou os inexplicáveis motivos para a criação e destruição. Obviamente, a maioria dos personagens são humanos e analisam a situação em termos que lhes são familiares, mas creio que um pouco mais de sofisticação na criação do argumento e dos diálogos seria benéfico. Os segmentos finais redimem o descuido do miolo da película, mas no geral faltou-lhe o factor de diferenciação, que resulta num filme quase banal, tecnicamente soberbo, com uma ou duas meia dúzia de sequências interessantes, e pouco mais, mas bem entretido. Não me importava nada de ver uma sequela inspirada no "Rendez vous com Rama".
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Já a série Galactica de 1978 dizia no seu intro: There are those who believe...that life here began out there, far across the Universe
Mais coisa menos coisa, a minha opinião é exactamente esta. Prometia muito, defraudou em quase tudo. Não deixa de ser, contudo, um belo filme para efeitos única e exclusivamente de entretenimento...aqui é mais ou menos eficaz. Mas pedia tanto mais, naquele argumento, naquela ambiência que o Alien tinha, por exemplo, etc.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
true! acho que foi nos 'seventies' que também houve livros e documentários sobre essas teorias dos deuses astronautas. mas, do ponto de vista cientifico, cada vez há mais evidências que apontam para a hipóteses de a vida na Terra ter vindo do espaço, em cometas ou whatever. quem sabe se não foi um ET musculado como o do filme? ehe
é isso Jorge, foi pena, tiveram tempo para planear e perderam oportunidade de fazer um marco da sci-fi, mas...
Sou fã da série, mas ainda não conferi este filme.
Infelizmente a maioria das críticas mostra decepção com o resultado.
Abraço
Verdade seja dita, com tantas criticas negativas, estava à espera que fosse pior!