Find us on Google+

Widgets


O intrépido repórter Tintim (Jamie Bell), não podia imaginar que ao comprar a miniatura do navio "Licorne" estava a mergulhar numa perigosa aventura. Na corrida contra o tempo para evitar que o vilão  Sakharine (Daniel Craig) recupere o tesouro pirata, Tintim conta com a ajuda do seu fiel Milu (Snowy na versão em inglês), do irascível e ébrio Capitão Haddock (Andy Serkis) e dos ineptos policias Dupond e Dupont (Thomson e Thompson, a dupla cómica Nick Frost e Simon Pegg ).
Estreado no final de 2011, "As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne" (The Adventures of Tintin) foi o regresso ao grande ecrã do herói criado por Hergé (o autor belga George Remi), em animação computorizada e exibido em 3D. O aspecto mais comentado desta versão realizada por Steven Spielberg ( e auxiliado na produção por Peter Jackson) é a tecnologia envolvida em trazer à vida as personagens da banda desenhada: a  performance capture, a "evolução" do motion capture que permite captar directamente em formato digital não só os exactos movimentos dos actores a correr, saltar e lutar, mas também as expressões faciais e corporais mais complexas e subtis.

Não vou alimentar discussões inúteis sobre se o "espírito" da obra de Hergé está ou não presente, basicamente porque ainda só li os 3 primeiros livros, os mais antigos, que não estão relacionados com os livros adaptados para esta aventura. Além disso, discussões fanáticas não me interessam, porque já li acusações opostas, que tanto este Tintim é um monstro sem alma, como uma adaptação perfeita. Como é, meus senhores? Avançando ...
Spielberg tem os direitos desde a morte de Hergé em 1983, semanas depois de ter iniciado conversações com o autor para adaptar Tintim ao cinema.  E desde logo conseguiu o aval da viúva Fanny.
Este filme nasceu finalmente - depois de décadas no limbo - da colaboração à distância - facilitada pelas tecnologias de comunicação - entre dois grandes nomes do cinema, ambos grandes fãs das histórias de Tintim: o veterano Spielberg, com um volume de obras gigante sobre os ombros e o kiwi Peter Jackson, autor de vários imponentes clássicos modernos.
O argumento, criado a partir elementos de três álbuns diferentes ("O Caranguejo das Tenazes de Ouro", "O Segredo do Licorne" e "O Tesouro de Rackham o Terrível"), teve input de vários argumentistas: Steven Moffat (Dr. Who, Sherlock, as séries estrela da BBC), Edgar Wright (realizador e argumentista de Scott Pilgrim Vs The World) e Joe Cornish (realizador e argumentista de Attack The Block).
A minha recordação, ou impressão, mais antiga de Tintim foi de estranheza ao ver na série animada (dos anos 90) um jovem empunhando uma arma a sério, não um laser. Muito à frente da maioria das séries açucaradas que nos chegavam dos EUA.

No segundo visionamento, o ritmo pareceu-me bem mais equilibrado, apesar de umas duas cenas com momentos um pouco exagerados. No entanto, achei muito bem conseguida a comédia slapstick, presente (em quantidade industrial) nas BDs que já li. Apesar da sétima e da nona artes serem meios distintos, há cenas deliciosas, que fundem perfeitamente os dois mundos, como a de quando os Dupond e Dupont chocam com uma gaiola e os pássaros pairam sobre a cabeça de ambos, como esperaríamos ver num história aos quadradinhos. Felizmente foi tomada a decisão de não por o Milu a falar ou pensar como na BD, facto compensado com a liberdade de movimentos possibilitada pela sétima arte. Assim, em vez de um cão falante engraçadinho  temos um personagem relevante para o desenrolar da acção. Destaco também o  divertido Haddock de Andy Serkis, o especialista em performance capture, que já brilhou - com ajuda dos animadores - como Gollum, King Kong e mais recentemente como o César de Rise of The Planet of The Apes.


A introdução animada informa o espectador do que há para saber sobre Tintin, um jovem de idade incerta, que na companhia do cão dedica a vida a resolver mistérios e parar bandidos. Além disso são visíveis uma série de objectos e personagens de outras aventuras das histórias de quadradinhos.
A música do habitual comparsa de Spielberg, o grande compositor John Williams, apesar de reconhecível foi ampliada com as sonoridades jazz, que além de um ritmo enérgico ainda presta homenagem ás raízes europeias das personagens, com o recurso ao inevitável acordeão.

O ponto mais fraco do conjunto será o mistério em redor do qual os acontecimentos se desenrolam, que não é tão misterioso ou inovador. Mas, estamos a falar de álbuns criados na primeira metade do século XX, já adaptados a diferentes medias,e  que inspiraram muitos outros trabalhos. É certo que causa estranheza ver personagens que tantos anos associei á lingua francesa a falar em vários sotaques da lingua inglesa, mas é uma aventura bem divertida, com um brilhante design de produção e animação de personagens que conseguiu equilibrar o traço estilizado de Hergé com o mundo hiper-realista possibilitado pela animação moderna.
Se quando Steven Spielberg estreou o primeiro Indiana Jones foram várias as comparações com Tintim, agora que - décadas depois  - Spielberg materializou as aventuras do jovem repórter, com o inevitáveis ecos dos filmes de Indiana Jones, podemos dizer que um ciclo se fecha. Ou melhor, que se começa a fechar, porque o próximo capitulo da trilogia já está a ser preparado...


Crítica parcialmente publicada no SCIFIWORLD: "Crítica a 'As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne'".

Deixe o seu comentário:

Partilhe os seus comentários connosco!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...