CINE 31: Segundo de Chómon - o cineasta alquimista

Segundo de Chómon - o cineasta alquimista

Publicado por David Martins em -

por Cine31.

Se Segundo de Chómon fosse vivo comemoraria hoje 140 anos. De seu nome completo Segundo Víctor Aurelio Chomón y Ruiz, o realizador espanhol foi um dos pioneiros do cinema fantástico e animação, ganhando o apelido do "Méliès espanhol", pelo uso de truques de câmara e ilusões ópticas, ainda nos primórdios da sétima arte. Em 1897 foi a Paris estudar o cinematógrafo, e trabalhou no estúdio de Méliès onde se pintavam os filmes fotograma a fotograma. Mais tarde desenvolveu o "pochoir" um sistema revolucionário de pintura manual; que - com algumas alterações - foi patenteado por Charles Phaté, como Pathécolor. De volta a Espanha, criou "Macaya y Carro", a primeira produtora de cinema do país, experimentando com filmes ciêntificos e criando o género "zarzuelístico" (sendo a zarzuela, um tipo de opereta ou ópera cómica).

Já no século XX, começou a dedicar-se à realização, utilizando truques complexos e maquetes para adaptar contos populares como "Pulgarcito" (1903) ou "Gulliver en el pais de los gigantes" (1904), fazendo experiências com filmes sonoros e stop-motion. Regressa a Paris em 1905 e contratado por Pathé realiza cerca de 100 curtas-metragens de temática fantástica, de modo a fazer concorrência aos filmes de Méliès. É aqui que vai desenvolver uma série de técnicas inovadoras, que aplica enquanto realizador e técnico de efeitos especiais para outros realizadores, criando sequências de transformações, animações em stop-motion, sombras chinesas, etc. "Voyage à la planète Jupiter" (1907) é a sua resposta ao famoso "Le Voyage dans la Lune" (1902) de Méliès, apesar de já em 1906 ter tratado dos efeitos de "Excursión a la luna", este sim muito semelhante ao filme de Méliès.

Em 1912 vai trabalhar para Itália, pago a peso de ouro na Itala Film. Por exemplo, na superprodução de época "Cabiria" (1914, com três horas de duração, realizado por Giovanni Pastrone) utilizou o percursor do travelling, que permitiu movimentar a câmara em oposição ao estilo estático padrão de filmar cenas. Outros filmes famosos em que participou foram "La vie et la passion de Nôtre Seigneur Jesuschrist" (Lucien Nonguet, 1906-1907) e "Napoleón" de Abel Gance, o último trabalho antes de morrer em Paris em 1929, aos 58 anos.

"El Hotel Electrico" (1905, 1906 ou 1908 conforme a fonte que consultarem) rodado na Espanha, é o seu filme mais conhecido, e pode vê-lo na integra em baixo, com cerca de 9 minutos: