EM EXIBIÇÃO NO CINALGARVE DE 27 DE DEZEMBRO A 2 DE JANEIRO
Depois da polémica apresentação no cinema de Olhão como parte das comemorações do 25 de Abril, eis que está finalmente em exibição – até 2 de Janeiro – o filme de Miguel Gonçalves Mendes sobre Floripes, a moura encantada que dá nome á película e que segundo a lenda vagueia á noite por Olhão para seduzir os homens em busca daquele que será capaz de quebrar o seu encantamento. Floripes pede que o homem atravesse o mar com uma vela acesa na mão. Se a vela se apagar é a morte para ele.
A sessão começou com alguns problemas técnicos relacionados com o som e a imagem, já que a projecção está a ser feita a partir de um projector digital, mais pequeno que o de 35mm do Cinalgarve, e que no entanto até assegurou uma projecção bem razoável em termos de qualidade de imagem e som. Infelizmente a resolução desses problemas duraram cerca de 30 minutos, com o público a reagir efusivamente ás diversas tentativas de por o filme a funcionar correctamente. Público esse que se manifestou sucessivamente durante a projecção da película, reagindo a locais, pessoas e situações conhecidas, com um tipo de humor tipicamente olhanense que tornou este visionamento num acontecimento singular.
A nível técnico posso dizer que a qualidade da fotografia, da montagem e da banda sonora me surpreendeu pela positiva, departamentos tratados de forma muito sóbria e eficaz, sem maneirismos ou tiques de um filme cujos segmentos oscilam constantemente entre o documentário e a ficção, e que na minha opinião ficaram bem unidos. Também uma palavra de apreço para os actores, muitos deles da terra de Olhão que tão bem demonstraram o modo de falar e viver de um Olhão de outros tempos.
Depois de rever (no cinema ou DVD – espero que saia à venda num futuro próximo) poderei dar uma opinião mais aprofundada. Por agora posso apenas recomendar vivamente este passeio pelas memórias colectivas de Olhão, uma cidade que mudou muito, mas onde continua a estar presente os efeitos do medo – da morte – e das histórias a que dá origem, num ciclo vicioso de mito urbano.
O Trailer: