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A história base deste filme certamente resultará familiar àqueles que conhecem histórias que se desenrolam em épocas futuras ou contemporâneas controladas por governos totalitários, como é o caso máximo de “1984” de George Orwell (uma obra literária brilhante, que aconselho vivamente aos que desejam ter um vislumbre do que será (sobre)viver na sombra de um estado opressor representado pela figura do Big Brother, que controla e conhece todos os movimentos dos seus cidadãos e que manipula a própria História e a verdade conforme a conveniência do momento). Além das clássicas adaptações homónimas da obra de Orwell em 1956 e 1984 (ironicamente, o protagonista perseguido pelo todo-poderoso estado nesta segunda adaptação é desempenhado pelo actor John Hurt, que em “V for Vendetta” é o ditador desta Grã-Bretanha alternativa), de “Fahrenheit 451” (Francois Truffaut realizou em 1966 a obra de Ray Bradbury sobre um futuro onde os livros são proibidos e destruídos pelas autoridades à temperatura que dá titulo ao livro e à película); existem alguns títulos mais recentes que lidam com a questão de cidadãos que lutam contra o controle total de um estado ou um sistema que anseiam despersonalizar e uniformizar a população tornando-a apta a ser controlada (muitas vezes com a justificação de manter a paz social e militar), como são os casos de: “Equilibrium” (de Kurt Wimmer, uma sociedade perfeita e pacifica, típica deste género de ficção – cada vez mais próxima da realidade – onde é proibido sentir e manifestar emoções. Emoção é a semente da guerra, e é controlada com a administração forçada de drogas supressoras); “Gattaca” (um mundo onde apenas são tolerados indivíduos geneticamente perfeitos); “A Ilha” (toda uma sociedade isolada é mantida no obscurantismo sobre os seus verdadeiros destinos); “THX 1138” (amar é crime); “Aeon Flux” (mais uma sociedade aparentemente harmonioza que reúne os últimos sobreviventes do planeta numa cidade idílica de onde misteriosamente desaparecem cidadãos, para nunca mais serem vistos. Cabe á protagonista enfrentar a dinastia dos Goodchilds, que governa o mundo com punho de ferro há mais de 4 séculos), o upcoming “Ultraviolet” (também de Wimmer, um retrato de uma sociedade futurista governada pelo medo – não da guerra ou de terroristas, mas da doença contagiosa que causa mutações em humanos que são implacavelmente caçados e exterminados, pela segurança nacional é claro). Ainda é de referir a triologia Matrix, principalmente o primeiro capítulo, que além de um espectáculo visual que revolucionou o cinema de acção, também conta a história de um mundo dominado pelas criações revoltosas do homem, que para manter os espíritos entorpecidos e obedientes criou a ditadura perfeita, um mundo de sonhos em que não há indício desse mesmo controle. Como já ouvi dizer, a maior artimanha de Satanás é fazer crer que ele não existe.

Em suma, uma série de obras literárias e cinematográficas que reflecte a preocupação com a possibilidade de um sociedade eliminar por qualquer meio considerado necessário aqueles que são ou representam uma oposição à sua ideologia de manutenção e perpetuação no poder. Exemplos temos muitos na nossa História do Mundo, e mesmo no presente, pois infelizmente é um tema muito actual, num mundo cada vez mais globalizado, paranóico e controlado por grupos decididos a fazer o que for preciso para favorecer os seus interesses e politicas económicas, sacrificando sem hesitação qualquer forma de resistência às mudanças forçadas e impopulares, a bem é claro da democracia, liberdade (e comércio), mesmo tomando decisões que afectam directamente esses mesmos ideais.

Mas retomando a ideia do primeiro parágrafo, a acção do filme “V for Vendetta” (realizado por James McTeigue e com argumento e co-produção dos irmãos Wachowski, os criadores da saga Matrix) desenrola-se numa Grã-Bretanha totalitária, fascista e fortemente militarizada. As liberdades individuais são fortemente limitadas e tudo é vigiado ao pormenor, de forma a dissuadir e suprimir quaisquer acções não consideradas adequadas. Este estado de inspiração ariana e temente a Deus, eliminou milhares de homossexuais, negros e outras minorias que não se encaixam na visão branca e pura do Mundo. Num reflexo do Terceiro Reich também estão presentes, entre outros elementos, os campos de concentração. É neste pais de elites corruptas e hipócritas que surge “V”, um terrorista na plena acepção da palavra que anseia acordar a população “dormente” e destruir o governo, e para tal, não hesita em atacar à bomba símbolos de poder como as Houses of Parliament (que inclui o famoso BigBen) e Old Bailey. Uma noite, num beco escuro, “V” salva Evey Hammond, uma jovem adolescente que na sua primeira noite no mundo da prostituição teve o azar de esbarrar com os “homens da Lei”, que imediatamente se prontificaram a violá-la. “V” toma Evey como sua protegida e molda-a para que perceba e abrace a sua visão de vingança e liberdade. “V” actua mascarado como Guy Fawkes, um terrorista que no século XVII fracassou em explodir as House of Parliament, fracasso esse ainda hoje celebrado no Reino Unido em 5 de Novembro. Aliás, a estreia da adaptação cinematográfica estava originalmente marcada para 4 de Novembro de 2005, mas devido aos ainda recentes atentados de Junho de 2005 no metro de Londres, foi adiado para Março deste ano. Além da polémica dos que acusam a obra de defender o terrorismo, foi o argumentista da complexa BD original, Alan Moore (autor ainda de “From Hell” , “The League of Extraoridnary Gentlemen” – ambas já convertidas ao grande ecran, e “Watchmen”, actualmente em produção) que teceu duras criticas às alterações introduzidas no argumento. Por outro lado, o desenhador da BD em questão – David Lloyd – defende o trabalho dos Wachowski e McTeigue, considerando que mantiveram a essência, mas adicionado um cunho pessoal. Já durante a rodagem o intérprete de “V”, Jamos Puredoy foi substituído por Hugo Weaving (o agente Smith da trilogia Matrix) para acompanhar Natalie Portman (Evey). A verdade é que, o problema não foi muito grande, visto que – tal como na graphic novel – “V” nunca retira a máscara com as feições de Guy Fawkes. Enfim promete uma mistura explosiva de acção a la Matrix, assuntos polémicos e emoções fortes.
Estreia em Portugal dia 23 de Março, esta quinta feira. Estou ansioso para o assistir e no entanto um pouco receoso, apesar de ter lido na Net comentários de pessoas que já assistiram e de ter lido há cerca de um mês a BD original e realmente é fenomenal. Mais uns dias e poderei postar aqui a minha opinião sobre “V for Vendetta”. Se forem ver e quiserem que publique uma critica de vossa autoria sobre este ou qualquer outro filme, actual ou não – enviem um mail para prometheus31@hotmail.com e no assunto escrevam: “Criticas para Cine31”.

"Remember, remember the Fifth of November."

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3 comentários até agora:.

  1. Se tiverem conhecimento de alguns filmes ou ideias relevantes que possa acrescentar a este post é só enviarem um mail para prometheus31@hotmail.com com "Cine31" no assunto.

  2. Sam says:

    Acrescentaria o BRASIL (1985), do Terry Gilliam). Ou BLADE RUNNER, que demonstra uma sociedade quase totalitária dominada pelas grandes empresas...

    Mas acredito que existam muitos mais exemplos. É puxar pela memória...

    Abraço.

  3. Bem notado Samuel! Mas na altura que escrevi o artigo, ainda não tinha visto o Brasil. E já vi o Blade Runner há tantos anos que nem me lembrei desse aspecto das corporações. No Robocop também tínhamos a OCP, podíamos continuar por ai...

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