Quem emprenhou pelos ouvidos a ver vídeos dos fachos no Youtube é melhor nem sequer clicar no play. Apesar de obviamente os "piores" prognósticos não se confirmarem (têm todo o aspecto de ficarem para a Parte2) irão ver defeitos em todos os frames. As pessoas normais podem torcer o nariz a certos aspectos de uma sequela/reimaginação, mas é bastante entretido. Algumas sequências são mais violentas que o cartoon dos anos 80, obviamente, mas não tanto como eu esperava ou a edição dos trailer deixava adivinhar. Aliás, sem o corte rápido de um trailer, algumas sequências de luta sofrem de um ritmo irregular e personagens petrificados a assistir ao desenrolar dos eventos, algo infelizmente muito vulgar em animação (e live action). Fazia falta mais cuidado aí. O plot não demora a arrancar, talvez até demasiado depressa, sem tempo para mostrar muito de uma Eternia pós-He-Man.
Tal como o Super-Homem, muitos escritores mais fracos falham em criar histórias interessantes com personagens super-poderosos e tentam alimentar os mitos que não é possível escrever histórias com basicamente deuses, e aqui o He-Man também é praticamente relegado a flashbacks e alvo de escárnio não merecido. Muito antes da estreia, os génios da Internet determinaram através do visual mais masculino de Teela que a rapariga ia sair do armário e "roubar" o protagonismo. Até agora estão meio certos...
O Skeletor de Mark "Joker/Luke Skywalker" Hammil é excelente, como a maior parte do elenco vocal. E a banda sonora, estando a cargo de Bear McCreary ("Battlestar Galactica", "Godzilla King Of The Monsters", "The Walking Dead") só podia ser boa, apesar de não soar tão original como outros seus trabalhos. Mas é adequado. Não deixa de ser irónico que o personagem que sempre me irritou,o sidekick trapalhão e inútil tem o melhor desenvolvimento de personagem, apesar de previsível.
Como todas as crianças dos anos 80, brinquei com as action figures (poucas no meu caso) vi religiosamente os episódios antigos, mas recordo praticamente zero de plots, origens e relações entre os personagens. O que sei sobre o universo MOTU li nas ultimas décadas online e em revistas. Em suma, não sou um zelota fanboy hardcore, e talvez por isso consegui apreciar este tributo a um universo mágico que cruza tecnologia e fantasia, com alguns toques para modernizar e tentar abranger um leque maior que moços pré-adolescentes com mais 30 e tal anos em cima.
Nota: Entretanto, tenho lido mais reacções e parece que parte do ódio ao Kevin Smith veio de declarações em que ele garantia que o He-Man ia ser o protagonista, tal como a publicidade enganosa dos últimos meses.
SPOILERS: Se um dos personagens falecidos regressar miraculosamente, é muita preguiça e então eu é que me ia sentir ofendido :D
Nota 2: Lembrei-me que há uns anos revi o primeiro episódio da série clássica da Filmation, e achei tão mau e - naturalmente, infantil - que parei por ai. Na minha memória era muito melhor...