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Acabei de vir da sessão da tarde de “Morangos Com Açúcar – O Filme” e fica aqui a minha opinião sobre a longa-metragem que encerrou nove anos de uma série de sucesso.
Não, não vim do cinema, ainda não recebi o ordenado. Mas, se não ter visto um filme não impede que artistas profissionais da crítica escrevam sobre ele para jornais e blogues, porque há-de impedir a mim? 
Um ponto fulcral para uma crítica honesta é comparar apenas o comparável*. Ora, vamos ver, como se aguenta “Morangos Com Açúcar – O Filme” frente a outros exemplares nacionais do género? Ah, pois… segundo o que apurei, é a primeira vez que uma série é adaptada ao cinema, e que um filme é direccionado a um público jovem (se excluirmos o “Uma Aventura”, num género diferente), aspectos já sobejamente explorados “lá fora”, onde também existe “variedade” de géneros, conceito um pouco alienígena no panorama nacional. O filme dos Morangos é o culminar de um inteligente plano de Marketing, que durante anos construiu a marca além da série, o merchandising, as bandas e os discos, etc, tudo direccionado à faixa mais jovem do país. Durante anos, ouvi as mais díspares e contraditórias acusações à série, por exemplo, para alguns são “namoros assexuados” e para outros são ordinários, ou fazem a apologia ou a denúncia de comportamentos de risco, conforme quem opina. As primeiras temporadas da série foram influenciados pela “Malhação” brasileira, mas com o tempo foi adicionado a vertente musical e artística. Acompanhei a série da TVI para recolher material para o projecto final da minha licenciatura, sobre product-placement (a inserção de publicidade no conteúdo de filme e séries) e apesar das limitadas opções técnicas e estéticas, e alguns actores sofríveis, a minha maior crítica sempre foi à pouca ambição narrativa. Ainda assim, no geral, tem sido superior às medíocres tentativas da concorrência no género. Esta adaptação para cinema, além da equipa de produção, terá provavelmente herdado os handicaps da versão para o pequeno ecrã. Opções artísticas à parte, o plano de marketing dos Morangos foi um sucesso, e em vez de causar “dores de cotovelo” online e impressas, podia ser uma oportunidade para rever a quase ausência (ou má concepção) de um planeamento para criar e promover a produção nacional junto do público. Qualquer filme é um “produto”, mesmo os de “autor”, e creio que era bom - para o mercado e para o espectador - um meio-termo entre os filmes herméticos e os comerciais. Talvez fosse uma boa saída para a “crise do cinema português” (que dura há décadas). Mas voltando ao filme em questão, se cumprir os objectivos a que se propôs, dentro do género, já é um ponto positivo. É tão válido como qualquer outro filme; creio que o epíteto de “tragédia social” talvez seja um bocado exagerado… mas, como sabemos, histerismos e criticas negativas** a algo mainstream são tão inevitáveis como abutres em redor de uma carcaça fumegante... E pronto, acabei por não fazer nenhuma critica ao filme, não conseguiria viver com essa desonestidade. Vá, vão lá ver o Telejornal, está lá um senhor de gravata a dizer que vão fazer uns cortes não sei aonde...





* Imaginem comparar batatas com laranjas, ou um blockbuster barulhento com o último onanismo intelectual de "Fulano". Ah...espera... também há quem faça isso. Bad boys!
** aqui incluo as criticas fundamentadas e as de puro ódio. Mas obviamente, criticas fundamentadas e construtivas são sempre bem vindas! 

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5 comentários até agora:.

  1. Eu já vi os Morangos. Não tenho vergonha de dizer ou de assumir. Hoje, quando passo pela TVI e está a dar a série, não consigo ficar a ver. Penso que a justificação passa pelo facto de já não partilhar dos problemas e vivências adolescentes que são abordadas nos Morangos. Assim sendo "o problema" é meu e não da série.
    Se dava um cêntimo para ver o filme em causa... não, mas no século passado até era capaz de dar. Se o Catarré aparece-se nu, também facilitava

  2. jdiniz says:

    o problema do cinema português é que, a sua vertente comercial, quer apenas imitar hollywood, mas à pobre. tão simples quanto isso. Quanto aos morangos não é sequer um filme, é um episódio alargado da série no cinema, e que toma o seu público por parvo: o que entristece aqui é que muitos espectadores ficam felizes só por verem aparecer as personagens. e a produção sabe disso, e cagou em fazer algo minimamente digno de se chamar cinema.


    o problema do cinema português é exactamente não termos uma ponte. um meio termo entre filmes de cariz mais comercial, e o filme de autor. e adaptados à realidade portuguesa, filmes como a bela e o paparazzo ou o coisa ruim são o caminho a seguir. eu vou tentar fazer a minha parte.

  3. exacto, sou grande fã do Coisa Ruim, gostava de ver mais nessa linha, como disse "entre filmes de cariz mais comercial, e o filme de autor." Espero que com o tempo mais projectos surjam nesse caminho

  4. Anónimo says:

    "aparecesse"

  5. obrigado pela emenda Anónimo. O Catarré nu, de facto merece o acrescento do "s"

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