Sábado à noite, enquanto fazia zapping, prestes a desligar a televisão paro por alguns segundos na RTP2. Bolinha vermelha no canto direito do ecrã. Nas imagens vê-se uma professora a tentar dar inicio a aula, sabotada por alunos arrogantes e conflituosos. Largo o telecomando e sento-me a ver e a recordar alguns momentos semelhantes que já assisti ao vivo. No ecrã a tensão aumenta, as provocações e insubordinação continuam, a professora à beira de um ataque de nervos (Sonia Bergerac, interpretada por Isabelle Adjani) desespera para dar inicio à sua aula. Ao confiscar uma mochila, surge uma pistola. A confusão instala-se, um tiro é disparado e o dono da arma ferido. Com a arma na mão, a professora fecha a porta e finalmente pode dar inicio à sua aula sobre Moliére. E nesse momento, ao deixar de ser vitima e passar a deter o único poder que tem força sobre os marginais e marginalizados: o medo; também assina a sua sentença. Este filme, passado quase na totalidade no cenário de um sala de aula, aponta o dedo à maioria dos responsáveis do estado, não só da educação, mas da sociedade em geral, onde o politicamente correcto atropela direitos básicos. Os jovens de minorias que se vitimizam e vitimizam outros, apenas porque são de etnias, cultura ou cor diferentes; usando e abusando de ameaças e violência (física e sexual) contra os próprios colegas e professores. Os professores que não sabem como sobreviver no meio desta selva, porque a autoridade lhes é negada pelas autoridades "competentes" que são os primeiros a sacudir a água do capote e acusar os docentes de fraqueza. Vemos o drama dos colegas solidários e que partilham o sofrimento de tentar ensinar quem se recusa a aprender. Até vemos os colegas cobardes, em contraste com um negociador de reféns que quer evitar que a situação termine num massacre patrocinado pelas autoridades habitualmente ausentes e agora sedentos de resultados rápidos; e transmitido em directo pelos meio de comunicação social atraídos para a porta da escola . Um filme mais perto da realidade do que muitos sectores da sociedade querem admitir.
O final da película realizada por Jean-Paul Lilienfeld é talvez a sua parte mais fraca, apressada e previsível. No entanto, levanta uma série de questões pertinentes, uma série de verdades incómodas que deviam ser óbvias, mas que só conseguiram ser pronunciadas por uma mulher de arma na mão.
Trailer de "La Journée de la jupe" no Youtube:
Também me deparei com este filme, ontem, por acidente :)
Foi uma boa surpresa, e partilho da tua opinião relativamente ao final.
E, bem!, a Isabelle Adjani envelheceu de forma vertiginosa!...
Abraço.
Como não vi os minutos iniciais só em apercebi que era ela quando vi o genérico final ;-)
Realmente é verdade, a forma como ela amadureceu transformou-a muito. Quando na altura do filme estrear cá nos cinema, vi o trailer e até me custou a acreditar se era mesmo ela.
Faz-me lembrar o mesmo que se passou com a Patricia Arquette (actualmente na série "Medium", que gosto muito de seguir)
Grande filme. Escrevi sobre ele aqui:
http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/2169741-dia-da-saia/
Abraços
Filmentes: obrigado pela visita, volte sempre :-) E obrigado pela dica, vou agora conferir a sua critica!
Olá, também agradeço a sua! Já coloquei o Cine31 entre os favoritos, vamos manter essa troca de figurinhas. Tenho mais resenhas aqui, caso queira conferir:
http://pt.shvoong.com/writers/mauriciolimeira/
Abraços, sucesso,
Maurício
:-D Obrigado, vou dar uma conferida, sim ;-)